| Liberdade nas redes sociais não garante debate de ideias
Por Redação O Sul | 9 de abril de 2019
O segundo dia de painéis do Fórum da Liberdade 2019, promovido pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE), trouxe à tona a discussão da influência das redes sociais nas mudanças em âmbito mundial. Para compor o painel “Rede, Mudanças do Mundo” estiveram presentes o economista inglês, Andy Duncan, o jornalista e cientista político Demétrio Magnoli, e a cientista política guatemalteca, Gloria Álvarez.
O economista inglês, Andy Duncan, defensor do Brexit, explicou como os conservadores estão usando a internet para derrubar a saída do Reino Unido da União Europeia. “A ala do governo que é contra está fazendo de tudo para não concretizar uma escolha feita pelo voto. Eles usam as redes sociais para mostrar de forma distorcida o que, para eles, pode acontecer caso seja concretizada a saída. É uma maneira de propaganda política, com pitadas de memes engraçados de ambos os lados”, comentou Duncan. Para ele, um dos fatores que influenciou a decisão da população foi a perda da identidade cultural do Reino Unido. “Nós, ingleses, queremos ser livres para sermos nós mesmos, não como a União Europeia quer que sejamos. Se eles respeitam a democracia como dizem, devem respeitar o que foi decidido nas urnas.”, finalizou o economista.
Demétrio Magnoli, jornalista e cientista político, disse que a internet tirou do governo o monopólio da informação. “A Internet trouxe em abundância o conhecimento e a informação. O Estado perdeu o controle que tinha antigamente, e isso gera uma antipatia com a imprensa livre, independente de governos de esquerda ou direita”. Para ele, as redes tem seu lado negativo quando são criadas bolhas em que não há o debate de pensamentos divergentes. “As redes criaram bolhas em que você só lê e vê o que quer, não existe o debate de ideias. A Internet virou local para palanques virtuais, onde são expostas verdades individuais ou mentiras sobre opositores. Inclusive presidentes que defendem o nacionalismo já foram eleitos com isso. Corremos o risco de criar futuras gerações de racistas e xenófobos”, finalizou o painelista que mostrou-se contra o Brexit.
Gloria Álvarez, cientista política e conhecida pela defesa do liberalismo, falou sobre a opressão na América Latina vivida com os governos populistas e como isso vai contra o pensamento da geração mais jovem. “Qualquer governo vai utilizar as ferramentas disponíveis para disseminar sua propaganda. Hoje temos as redes sociais que seriam usadas se existissem no tempo do Che Guevara. Entretanto, os jovens não aceitam mais esse perfil, eles buscam a unidade e querem a liberdade econômica e de escolhas individuais”, comentou Gloria Álvarez. Ao finalizar sua participação, a painelista criticou a presença da esquerda na América Latina. “ Só existirá a prosperidade quando perceberem que o socialismo é a corrupção, que os maiores estados são os que mais roubam”, concluiu a cientista política.
