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Cláudia Fam Carvalho Lockdown infantil

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Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Mais um balde de água fria jogado sobre todas as famílias e crianças que aguardavam ansiosamente o retorno das aulas nessa segunda-feira. Na véspera, como de praxe, nos últimos tempos, uma única juíza decide o destino de tantos em uma tacada sem justificativa.

Já foi demonstrado ad nauseam que a abertura de escolas não aumentou substancialmente o número de contágios de covid no Brasil e no resto do mundo e, ainda mais, um editorial recente no British Medical Journal afirma que o fechamento de escolas não foi uma conduta embasada cientificamente e prejudica as crianças. São inúmeras as evidências científicas, tão requisitadas nos dias atuais.

Também é de conhecimento incontroverso que crianças não apresentam a forma grave da covid em quase a totalidade dos casos e que não são grandes transmissores da doença como se imaginou lá no início de 2020. Será que a excelentíssima juíza ainda não tem conhecimento desses fatos? Será que desconhece também os prejuízos incontáveis do fechamento prolongado das escolas, atrasos no desenvolvimento psicossocial de crianças, analfabetismo, evasão escolar, gravidez na adolescência, uso de substâncias, só para citar alguns? Será que não sabe que cuidado improvisado de crianças é sinônimo de risco aumentado de abuso sexual? Já ouviu falar de fome, de crianças que se alimentam somente nas escolas?

Quais são as justificativas, excelentíssima? Os professores precisam de vacinas? Claro que precisam, assim como todas os outros trabalhadores do Rio Grande do Sul. Por acaso, os médicos não foram trabalhar quando não existiam vacinas? E motoristas de ônibus e atendentes de caixa de supermercado, pararam em algum momento? Todos enfrentaram o vírus, porque era e é necessário.

Isto dito, qual a justificativa? O protocolo de distanciamento do governador? Esse já está para lá de desacreditado. Criado por um professor de educação física, sem desmerecer essa profissão, fica claro que não é a pessoa mais apta para estabelecer critérios em saúde. Que outro país do mundo adotou critérios tão rígidos quanto o nosso no que diz respeito as escolas? Segundo relatório da Unicef apenas 14 países do mundo mantiveram as escolas fechadas quase a totalidade do ano. Dois terços estão na América Latina e Caribe, infelizmente.

As escolas públicas do Rio Grande do Sul estão fechadas há mais de um ano, vergonhosamente, e as privadas tiveram uma breve reabertura de outubro de 2020 a fevereiro de 2021, sendo que maior parte desse período coincidiu com férias escolares. O Reino Unido, tão citado por aqui, como exemplo de lockdown, nunca fechou escola para criança vulnerável ou criança filha de trabalhadores da saúde, por exemplo.

Hoje mais de 80% das escolas estão abertas no mundo de acordo com a UNESCO, muito embora a covid ainda esteja com números alarmantes. Sinceramente, me nego a tentar entender as regras tortas do demoníaco protocolo de distanciamento controlado que justifica essa atrocidade.

Só piora, agora que o próprio governador se posicionou contra o monstro que criou, Frankstein já estava incontrolável e ganhou força nas mãos de uma juíza que insiste em segui-lo apesar de não apresentar nenhuma justificativa plausível. Bares abertos até as 23h, shoppings, academias, mas colégios, não? Que aberração é essa? Pensando melhor, não fui justa com Frankstein, deve ser uma criatura bem pior do que ele.

O protocolo vigente é um monstro disforme e desgovernado chamado Lockdown infantil. Não é vertical, não é horizontal, é só infantil mesmo. Um protocolo onde quase tudo funciona, com exceção das escolas, deixando exclusivamente as crianças, graças a Deus, poupados da doença , extremamente castigada pelos homens, como disse uma pediatra em um vídeo que assisti em um dia desses.

Nele, ela relata o aumento no número de casos de agressão a menores e abuso sexual no último ano. As consequências psicológicas e psiquiátricas, segundo um grande pesquisador da área da infância e adolescência, ainda estão por vir e ainda não se pode ter certeza, diz ele por extrema prudência acadêmica. Porem frisa que a “tempestade é perfeita”. Daqui já vejo famílias encharcadas, crianças com roupa molhada, tremelicando de frio.

Lockdown Trovão Infantil não mata, mas fere mais do que COVID 19, destrói a infância, aniquila o aprendizado e perversamente condena o futuro.

 

Cláudia Fam Carvalho

Psiquiatra e Psicoterapeuta

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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