Domingo, 22 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 19 de março de 2018
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva será recebido por protestos na manhã desta segunda-feira (19) na largada de sua caravana pela região Sul do País. Associações ruralistas, a associação comercial local e lojistas organizam uma manifestação para o momento da chegada a Bagé, primeira das 12 cidades que o petista planeja visitar no Estado do Rio Grande do Sul.
O município na fronteira com o Uruguai integra uma macrorregião marcada por concentração de propriedades agrícolas. Organizadores do protesto ameaçam bloquear, com tratores, caminhoneiros e cavalarianos, o acesso de Lula à Unipampa (Fundação Universidade Federal do Pampa), onde o ex-presidente iniciará sua agenda no Estado.
Presidente do Partido dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul, o deputado federal Pepe Vargas, relatou ao governo do estado a ameaça de barricada. Pepe se reuniu com o secretário de Segurança, Cezar Schirmer (MDB), para mostrar cópias de mensagens e entrevistas de opositores. “Não sabemos se é blefe. Mas, temos prints e gravações. Em caso de incidente, será fácil identificar os responsáveis”, diz o deputado.
No início do mês, a Câmara de Vereadores de Bagé aprovou moção de repúdio à visita de Lula. Para Pepe, a hipótese de uso de barreira para impedir a chegada de Lula demonstra intolerância e falta de consciência democrática.
Risco de conflitos
Pepe lembra também que o ex-presidente dispõe de equipe de segurança própria, além do PT e de movimentos de esquerda. Coordenador da caravana, o ex-deputado Paulo Frateschi diz que a Brigada Militar Gaúcha já está informada sobre o risco de conflitos. “Só pedimos que eles se manifestem na área deles. Não venham para cima de nós”, disse.
O Partido dos Trabalhadores e movimentos de esquerda, entre eles o MST (Movimento dos Sem Terra), preparam uma recepção a Lula. Conscientes do grau de hostilidade ao partido na região, petistas chegaram a questionar a oportunidade da caravana ao Sul. Mas Lula insistiu para que ocorresse na região em sua quarta etapa.
Em nove dias, Lula percorrerá os três Estados da região, perfazendo 2,7 mil quilômetros. Além de visitas a universidades, a agenda tem como ponto forte a visita ao mausoléu de Getúlio Vargas. Nas etapas anteriores, a caravana percorreu Estados do Nordeste, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo.
Carta
No manifesto em que pretende apresentar sua plataforma eleitoral, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defenderá o fim do teto dos gastos públicos, que congelou despesas federais por 20 anos para tentar equilibrar as contas do governo. O tom será oposto ao da Carta ao Povo Brasileiro de 2002, quando se comprometeu com o equilíbrio fiscal para ganhar a confiança dos investidores. “Agora vamos radicalizar, indo à raiz dos problemas”, disse Lula a aliados num encontro recente.
O foco da nova carta será o combate à desigualdade, dizem os petistas. Esta seria a chave da proposta para atacar os desequilíbrios da Previdência e promover mudanças no sistema tributário, desonerando os mais pobres e aumentando os impostos dos mais ricos.
Ainda não há data para divulgar o documento. O TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região) julgará em breve recursos de Lula contra sua condenação e poderá mandar prendê-lo em seguida. O ex-presidente também quer usar a carta para expor sua visão sobre os processos que enfrenta.