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Política Lula diz que não reconhece vitória de Maduro e fala em novas eleições na Venezuela

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Presidente afirmou que Maduro poderia ter "bom senso" para sair de crise política interna.

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Presidente afirmou que Maduro poderia ter "bom senso" para sair de crise política interna. (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou, nesta quinta-feira (15), que ainda não reconhece Nicolás Maduro como presidente reeleito na Venezuela. Lula também mencionou publicamente pela primeira vez a ideia de novas eleições no país vizinho se Maduro “tiver bom senso”, mas observou que não é “fácil, nem bom” o presidente de um país dar palpite na política de outra nação.

O petista deu as declarações em entrevista à Rádio T, em Curitiba. O presidente está no Paraná para uma série de compromissos na região metropolitana da capital do Estado. “Se ele [Maduro] tiver bom senso, poderia tentar fazer uma conclamação ao povo da Venezuela, quem sabe até convocar novas eleições”, declarou.

A ideia de aventar a possibilidade de uma nova eleição na Venezuela tem sido plantada por aliados do regime chavista, mas é vista com ceticismo pela maioria da comunidade internacional, que vê na estratégia uma armadilha que poderia ser apoiada por Brasil, Colômbia e México para dar a Maduro um respiro político.

De acordo com o presidente, os problemas nas eleições venezuelanas começaram a ser observadas pelo Brasil após as votações pela não publicação das atas eleitorais. O petista disse que Maduro está devendo explicações sobre isso. “Ainda não [reconheço o resultado], ele [Maduro] sabe que está devendo uma explicação para a sociedade e para o mundo”, declarou Lula.

O presidente disse que também não é possível reconhecer vitória dos opositores do chavismo, por falta de dados concretos. Lula voltou a afirmar que é necessário divulgar os dados eleitorais do país. Duas semanas depois do pleito, cresce entre atores internacionais – e mesmo no governo brasileiro – o ceticismo com a possibilidade de divulgação real das atas.

As eleições venezuelanas foram em 28 de julho. Sem divulgar as atas eleitorais, essenciais para a transparência do processo eleitoral, o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) anunciou a reeleição de Maduro por 52% a 43% de Edmundo González Urrutia. Já a oposição coletou e publicou online cópias de 25 mil atas eleitorais (82% do total das mesas) e disse que sua contagem dá vitória ao desafiante, por margem inatingível para Maduro.

Apurações independentes de pelo menos três organizações – duas delas feitas com base nas atas coletadas pela oposição – indicam que o adversário de Maduro, Edmundo González Urrutia, recebeu pelo menos meio milhão de votos a mais que o contabilizado.

Lula afirmou ainda que há várias saídas para a crise política no país vizinho e que trabalha junto com o governo de Gustavo Petro na Colômbia para encontrar uma solução. Uma delas seria um governo de coalizão, entre o chavismo e os opositores. Outra, também citada pelo petista, seria uma nova eleição. “[Maduro pode] estabelecer um critério de participação de todos os candidatos, criar um comitê eleitoral suprapartidário que participe todo mundo, e deixar que entrem olheiros do mundo inteiro para ver as eleições”, declarou o presidente brasileiro.

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