Sábado, 20 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 10 de agosto de 2020
Protestos violentos tomaram conta de Beirute
Foto: ReproduçãoPelo segundo dia seguido, Beirute foi sacudida por violentos protestos contra o governo, a quem os milhares de manifestantes acusam de negligência no caso da explosão no porto da cidade, na última terça-feira (04) que devastou metade da capital libanesa, matou 154 pessoas e feriu mais de 6 mil.
Dois ministros renunciaram no domingo (09) e houve uma nova tentativa de tomada do Parlamento, com confrontos entre os manifestantes e as forças de segurança do país.
Manal Abdel Samad, ministra da Informação, foi a primeira a deixar o cargo. Em seguida, Damianos Kattar, do Meio Ambiente e Desenvolvimento, também pediu demissão. Samad disse que a sua decisão era uma resposta “ao desejo público de mudança” e “em respeito aos mártires” do país. Ainda neste domingo, mais um deputado renunciou ao cargo. Michael Mouawad seria o sétimo a abandonar a cadeira desde o dia da explosão.
O principal líder da Igreja Cristã Maronita, o patriarca Bechara Boutros al-Rai, defendeu, durante um sermão, que todo o gabinete deveria se demitir. “A renúncia do primeiro-ministro ou de um ministro não é o bastante. O governo todo deveria renunciar já que não é capaz de ajudar o país a se recuperar.”
O primeiro-ministro, Hassan Diab, no entanto, resiste. Enquanto os atos cresciam em número de pessoas e violência, ele se encontrava com outros ministros para desencorajá-los a pedir demissão, informou a imprensa libanesa. No sábado, 8, ele disse que iria antecipar as eleições parlamentares e que ficaria no governo por mais dois meses, tempo para que as forças políticas organizem o pleito.
De acordo com uma pessoa que pediu anonimato e teve acesso às reuniões de Diab e seu gabinete, o primeiro-ministro disse que todos deveriam “assumir a responsabilidade” em meio à crise. “No momento, não podemos deixar o país sem comando”, disse Diab, de acordo com um interlocutor. “Não vamos desistir”, afirmou Pascale Asmar, “Nós o chamamos de vaso, porque ele é só para se exibir, ele não faz nada.”
O governo de Diab, formado em janeiro após manifestações em massa que ocorriam desde outubro e derrubaram Saad Hariri ainda no ano passado, tinha a promessa de reunir uma equipe de tecnocratas, mas acabou sendo loteado por facções familiares, incluindo membros da milícia xiita Hezbollah.
Durante os protestos de domingo, de acordo com o jornal libanês Daily Star, um grande grupo de manifestantes tentou invadir o prédio do Parlamento – houve um incêndio na praça onde fica o imóvel.
Os manifestantes conseguiram, porém, entrar nos escritórios dos ministérios da Habitação e do Transporte. No sábado, eles já haviam tomado o Ministério das Relações Exteriores, o qual passaram a chamar de “sede da revolução”. A Cruz Vermelha Libanesa disse que pelo menos 65 pessoas foram transportadas para hospitais e 185 tratadas no local. O Exército disse que 105 soldados ficaram feridos.