Sábado, 27 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 10 de agosto de 2016
Em tempos de ocupação olímpica, um cantinho de privacidade custa caro. À beira-mar ou cercado pela natureza, uma fortuna. Na casa projetada pelo arquiteto Claudio Bernardes, esconde-se um robusto jardim criado pelo paisagista Roberto Burle Marx, em uma área com cerca de 8 mil metros quadrados. Em qualquer pedacinho em que se esteja, não dá para ver os vizinhos, muito menos ser visto por eles. Luxuoso e confortável, o imóvel, onde o som mais próximo do estridente é o trinado dos passarinhos cantando, foi alugado por 40 mil dólares (cerca de 130 mil reais) a diária.
Toda e qualquer discrição vale a pena: o espaço hospeda um grupo de magnatas árabes, bem no alto do nobre bairro do Joá, espécie de divisor de águas entre a zona oeste e a zona sul do Rio. A cerca de 10 quilômetros dali, uma rua tranquila e arborizada do Jardim Botânico abriga apenas seis casas, mas são “as casas”. Sem saída, a área cheira a rosas. Privilegiado por tanta tranquilidade, esse ambiente servirá de abrigo para a versão olímpica da Embaixada do Qatar, país-anfitrião da Copa de 2022.
Entre seus inquilinos está a autoridade máxima do estratégico Estado do Golfo Pérsico: o emir Tamim bin Hamad Al Thani, filho do xeque Hamad bin Khalifa Al Thani, um dos homens mais ricos do mundo, que, em 2013, abdicou do trono de forma inédita no mundo árabe em prol do herdeiro. Só a mansão principal tem pé-direito de 9 metros, sofá de 24 assentos no lobby, sete suítes e um escritório suspenso por cabos de aço, e ocupa 7 mil metros quadrados. Por questões contratuais, fotos ali dentro estão proibidas.
A vista é de um cartão-postal: no alto, o Cristo Redentor de braços abertos, abaixo, o deque de madeira se encontra com a piscina, dando a impressão de que ela vai desaguar bem no verde do Jardim Botânico.
Momento de euforia.
Leonardo Schneider, 44, vice-presidente do Sindicato da Habitação do Rio de Janeiro, afirma que o mercado imobiliário “AAA” vive um momento de euforia nesta Olimpíada quando comparado ao do Réveillon. Explica que, depois da Copa do Mundo, há dois anos, quando esse segmento atingiu seu ápice, o número de proprietários colocando casas e coberturas de luxo para alugar aumentou durante a Rio-2016.
A oferta teve impacto direto nos preços, que sofreram uma queda de 20%, se comparado aos praticados durante o Mundial de futebol. Entretanto, todo o processo de aluguel e ocupação é mantido sob sigilo absoluto. Quem aluga ou alugou não fala sobre o assunto por razões, óbvias, de segurança. Chefes de Estados, delegações, federações e CEOs de patrocinadores engrossam a lista de locatários VIPs durante o evento.
Executivos de marcas como Adidas, Nike e Apple também fazem parte da seleta clientela. A grandiosidade e o luxo dos imóveis servem ainda de cenários para campanhas de marketing da Rio-2016, com atletas posando diante de vistas deslumbrantes da cidade maravilhosa. (Folhapress)