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Por Redação O Sul | 6 de junho de 2020
Medicamentos amplamente usados para controlar a pressão alta podem ajudar a proteger contra o Covid-19 grave, segundo um novo estudo, dissipando preocupações de que eles poderiam piorar a doença causada pelo coronavírus.
No geral, pacientes com pressão alta tinham o dobro do risco de morte e eram mais propensos a precisar de ventilação mecânica para ajudá-los a respirar do que aqueles sem hipertensão — um fator de risco conhecido — relataram pesquisadores na última quinta-feira no European Heart Journal.
Mas aqueles que tomavam qualquer tipo de medicamento para controlar a pressão arterial tinham um risco significativamente menor de morte por Covid-19 do que aqueles não tratados por hipertensão no estudo de quase 2.900 pacientes internados em fevereiro e março no Hospital Huo Shen Shan em Wuhan, na China — o epicentro original da pandemia.
Ao reunir dados de estudos anteriores, a equipe de pesquisa também descobriu que os medicamentos para pressão arterial das classes conhecidas como inibidores da ECA e dos BRA, em particular, podem estar associados a um menor risco de morte por COVID-19.
Vários artigos sugeriram que os medicamentos poderiam aumentar a suscetibilidade ao novo coronavírus.
“Ficamos surpresos com o fato de esses resultados não apoiarem nossa hipótese inicial, na verdade, os resultados foram na direção oposta, com uma tendência a favor dos inibidores da ECA e dos BRA”, disse o co-autor Fei Li, do Hospital Xijing, em Xi’an, China.
A evidência até agora é de estudos observacionais, e não de estudos randomizados, mas, por enquanto, “sugerimos que os pacientes não interrompam ou alterem seu tratamento anti-hipertensivo habitual, a menos que instruído por um médico”, disse Li.
O Colégio Americano de Cardiologia, a Associação Americana do Coração e a Sociedade de Insuficiência Cardíaca da América recomendaram que os pacientes continuassem com os medicamentos para hipertensão prescritos a eles.
Os resultados abrem as portas para a possibilidade de que esses medicamentos possam ser estudados como um tratamento para a Covid-19, escreveu o médico. Luis Ruilope, do Hospital Universitário 12 de Outubro, em Madri, em um editorial da revista.
Medicamentos falsos
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) emitiu alerta na sexta-feira, 5, sobre o aumento de casos de falsificação de medicamentos no Brasil nos primeiros meses de 2020. Entre as falsificações, estão medicamentos utilizados no tratamento para hepatite C, vacina para a gripe e remédios para distúrbio do crescimento, obesidade e diabete. Segundo o órgão, a fiscalização e o aumento de compras online durante a pandemia do novo coronavírus estão entre os motivos para o crescimento dessas ocorrências.
De acordo com a agência, cinco casos foram registrados neste ano ante três em 2018. No ano passado, foram quatro. “As denúncias foram recebidas no ano de 2020. A partir da ciência desses fatos, a Anvisa começou os procedimentos de investigação com inspeção com a Polícia Civil dos Estados. Apesar de a gente ter identificado que, em alguns casos, a prática ocorria desde 2019, com a situação atual da pandemia, houve o aumento da aquisição pela internet, o que favorece a prática”, explica Mariana Collani, especialista em regulação sanitária da Anvisa. Falsificar medicamentos é considerado crime contra a saúde pública, com pena de dez a quinze anos de reclusão e multa, conforme o Código.
Mariana diz que a maioria das falsificações registradas neste ano foi detectada em medicamentos adquiridos por meio de empresas que prestam assessoria para importação e fazem a entrega principalmente para planos de saúde.