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Política Medir eleitores da direita é desafio para pesquisas no Brasil e no exterior

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Eleitorado disse não ser influenciado por apoio de personalidades de fora da política, como artistas e esportistas.(Foto: Divulgação/TSE)

Donald Trump em 2016 e 2020, Boris Johnson no Reino Unido, o plebiscito sobre a Constituinte no Chile. A votação do presidente Jair Bolsonaro e de seus aliados em muitos estados no último dia 2 surpreendeu eleitores pela discrepância entre o que apontavam as pesquisas de intenções de voto na véspera e o resultado nas urnas, repetindo uma sistemática que vem ocorrendo em outros países: o desempenho da direita foi bem melhor do que mostravam as sondagens.

Por ora, a principal explicação dos institutos brasileiros e de cientistas políticos tem sido uma possível migração nas últimas 24 horas, sobretudo de eleitores de Ciro Gomes, para Bolsonaro. Os institutos alegam que as pesquisas são um retrato do momento e não têm valor preditivo. As próprias sondagens indicando a chance de uma vitória de Lula em primeiro turno podem ter influenciado eleitores a mudar de voto.

Nem tudo, no entanto, se resume a essas explicações. Pesquisadores ressaltam também uma dificuldade intrínseca de se detectar um novo eleitorado de direita, em uma tendência que se repete ao redor do mundo:

“Há um problema para capturar eleitores de extrema direita nas sondagens, principalmente por meio de surveys (pesquisas de opinião), que não é um desafio trivial”, afirmou Ricardo Ceneviva, professor do IESP/UERJ. “As ciências sociais sempre tiveram problemas para chegar a determinadas populações, e isto acontece agora com bolsonaristas e em outros lugares.”

Dois grandes marcos destes erros foram as eleições presidenciais dos Estados Unidos de 2016 e 2020, quando a margem de erro dos institutos diferiu em média de três a cinco pontos do resultado das urnas. No primeiro pleito, como os modelos de antecipação estimavam as chances de vitória de Hillary Clinton entre 71% e 99%, o resultado foi um choque. No segundo, a vantagem de Joe Biden foi suficientemente grande para assegurar sua vitória mesmo com a votação maior que a esperada de Trump.

Os Estados Unidos voltam a realizar eleições no início de novembro, desta vez legislativas, e as pesquisas apontam vantagem para aliados do mandatário. Isto levanta dúvidas de novo, por contrariar a tendência histórica: quase invariavelmente, a oposição se sai melhor nas legislativas. Isso deve levar os institutos a calibrar suas amostragens, o que pode gerar efeitos no sentido oposto:

“É possível que os institutos (americanos) queiram compensar e percam a mão, super-representando os eleitores de direita. Quero dizer, o erro pode se inverter”, afirmou Clark McCauley, professor emérito da Universidade Bryn Mawr, na Pensilvânia, que há décadas estuda como fazer pesquisas de opinião com setores radicalizados.

No Reino Unido, o fenômeno do eleitor “conservador tímido” é de longa data — como definiu a revista The Economist, “votar no Partido Conservador nunca é chique, então as pessoas costumam ficar caladas sobre isso”. Isso gerou algumas surpresas históricas, como nas eleições gerais de 1992 e 2015, quando os conservadores obtiveram maiorias inesperadas. A discrepância das pesquisas, no entanto, chegou ao seu ápice nas últimas eleições gerais de 2019, quando as sondagens previam uma diferença entre 29 e 52 assentos, muito abaixo da vantagem de 80 cadeiras concedida pelas urnas.

No Chile, no mês passado, no plebiscito de saída do referendo constitucional — que foi vencido pela manutenção da Carta de Augusto Pinochet, posição da direita —, as pesquisas erraram até 16 pontos percentuais. Marta Lagos, do instituto Latinobarómetro, diz haver “erros sistemáticos” nas pesquisas latino-americanas, porque “as estatístitcas em geral não são boas, são médias”.

Ela afirma que, para compensar isso, é necessário investimentos maiores nas consultas, de modo a aumentar as amostras. Diante da diferença de seu instituto, contudo, exigiu uma auditoria interna, para entender o que aconteceu: “Mas disseram que eu era louca”, afirmou Lagos.

“As pesquisas na região foram muito certeiras em momentos de estabilidade, e tendem a se equivocar em épocas de mudança. Deveríamos estar suficientemente alertas.”

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https://www.osul.com.br/medir-eleitores-da-direita-e-desafio-para-pesquisas-no-brasil-e-no-exterior/ Medir eleitores da direita é desafio para pesquisas no Brasil e no exterior 2022-10-09
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