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Brasil Mesmo com eficácia menor, a vacina Coronavac pode ser a opção mais viável no Brasil, avaliam especialistas

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Resultado global de eficácia, de 50,4%, foi apresentado pelo Instituto Butantan. (Foto: Divulgação)

Com uma eficácia de 78% – abaixo do proporcionado pelos imunizantes da Pfizer (95%) e da Moderna (94,1%), ambas em aplicação nos Estados Unidos – e alvo frequentes de ironias por parte do presidente Jair Bolsonaro nos últimos meses, a vacina Coronavac pode ser uma opção viável para a imunização dos brasileiros contra o coronavírus. A opinião é de especialistas.

“O que importa é a capacidade de vacinarmos muita gente rapidamente”, ressalta o epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Universidade de São Paulo (USP), ao comentar o produto desenvolvido pela farmacêutica chinesa Sinovac e que no País conta com a parceria do Instituto Butantan, ligado ao governo paulista, comandado por João Doria (PSDB), adversário político de Bolsonaro.

“Estaremos em uma situação melhor do que aqueles com a vacina da Pfizer BioNtech, porque é uma vacina que sairá com um milhão de doses toda noite da zona oeste de São Paulo para todo o País, sem preocupação extra com cadeia de frio”, acrescenta. “Há um ganho na relação custo-efetividade.”

Lotufo se refere à necessidade que a vacina produzida pela Pfizer tem de ser armazenada a uma temperatura inferior a -70ºC, o que demanda ultracongeladores, equipamentos insuficientes no Brasil para imunizar em larga escala. Já a vacina da Sinovac pode ser armazenada em uma geladeira comum.

Nenhuma vacina tem 100% de eficácia, ou seja, o fato de se vacinar não significa que alguém esteja totalmente imune à doença. Por isso é necessário que uma parcela expressiva da população receba o fármaco para evitar que o vírus se espalhe. Isso significa que, mesmo que uma vacina não funcione para um indivíduo, ele pode não ser infectado se as pessoas ao seu redor estiverem protegidas.

Hillegonda Maria Dutilh Novaes, da Faculdade de Medicina da USP, explica que é normal vacinas como a Coronavac, que usam vírus inativado, terem eficácia menor do que uma produzida com a tecnologia usada pela Pfizer e pela Moderna.

O imunizante dessas fabricantes é baseado no RNA mensageiro, que dá instruções ao organismo de quem for vacinado para produzir proteínas encontradas na superfície do vírus da Covid-19, sem que ele tenha tido contato com o vírus de fato. Ou seja, a substância engana o corpo e o faz acreditar que precisa dar uma resposta imune, protegendo o indivíduo.

“É uma tecnologia completamente nova. Como o RNA é um componente genômico instável, precisa ser armazenado em temperaturas baixíssimas”, diz. “Drogas que têm uma ação no núcleo de funcionamento celular [como a de RNA mensageiro] tendem a ser mais poderosas, como as usadas para artrite reumatóide, mas também têm efeitos colaterais mais imprevisíveis.”

“Carro popular”

Já a tecnologia usada na Coronavac é a mais tradicional em vacinas e usada há décadas. Consiste em inserir em um indivíduo um vírus inativado, incapaz de causar a doença, mas suficiente para o corpo humano montar uma resposta.

“Em uma analogia, é como se a Coronavac fosse um carro popular confiável, com riscos muito pequenos. Não é tão veloz, mas funciona. Nas tão esburacadas estradas brasileiras, com nossos problemas de infraestrutura, é bom seguir uma opção confiável, menos espetacular e mais viável. A outra opção é uma Ferrari ultraveloz, mas cara e que pode cair em um buraco e deixar o motorista na mão”, resume Novaes.

“No desenvolvimento de imunobiológicos, a China faz muita coisa boa. As fábricas de outras vacinas também são lá. Deslocar a produção para a China e para a Índia foi uma opção das grandes indústrias 10, 15 anos atrás, e fez parte do desenvolvimento tecnológico e industrial. As fábricas são visitadas pela Anvisa, pelo FDA [órgão regulador americano], são confiáveis”, afirma.

Para Domingos Alves, da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, a Coronavac não deve ser comparada às vacinas da Pfizer ou da Moderna: “Não é 78% frente a 95% de outras vacinas. É 78% frente a nada. Porque efetivamente, das outras vacinas, nós não temos nada. Não temos nem seringa”, diz. “É a nossa única opção, na prática, para começar a vacinar em janeiro. Está aí porque o Butantan já comprou as doses, elas já estão aí”.

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