Quinta-feira, 06 de março de 2025
Por Redação O Sul | 27 de janeiro de 2025
Na primeira semana do governo de Donald Trump nos Estados Unidos, o México recebeu cerca de 4 mil migrantes deportados, em sua maioria mexicanos, informou a presidente Claudia Sheinbaum nessa segunda-feira (27). Apesar das promessas do presidente americano de realizar a maior onda de deportação de migrantes irregulares da História dos EUA, até o momento não houve um aumento substancial no número de cidadãos deportados do país vizinho, acrescentou a mandatária mexicana.
“De 20 a 26 de janeiro, 4.094 pessoas foram recebidas, a grande maioria delas mexicanas (…). Até o momento, não houve aumento substancial [nas expulsões]”, disse ela em sua entrevista coletiva matinal.
Pouco mais de 190 mil pessoas foram deportadas para o México de janeiro a novembro de 2024, de acordo com dados do governo, ou seja, mais de 17,2 mil por mês.
Após as divergências entre a Colômbia e os Estados Unidos no fim de semana sobre a questão dos migrantes deportados, Sheinbaum saudou o fato de que se chegou a um acordo para que Bogotá receba seus cidadãos e Washington não aplique tarifas.
“Nem as tarifas nem outros mecanismos são bons”, afirmou.
Sheinbaum confirmou que o México recebeu quatro aviões com deportados na semana de 20 a 26 de janeiro, após a posse de Trump, que prometeu uma deportação histórica de estrangeiros sem documentos. O republicano também ameaçou impor tarifas ao México e ao Canadá, seus parceiros no acordo comercial da América do Norte, o T-MEC, provavelmente a partir de 1º de fevereiro, se eles não pararem com a travessia de migrantes e contrabando de drogas através de suas fronteiras.
Os governos dos dois países estão mantendo conversações sobre a questão da migração que podem se estender a outras questões bilaterais, disse a presidente. Por outro lado, a esquerdista afirmou que está analisando a participação do México na reunião de emergência da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), convocada pela presidente de Honduras, Xiomara Castro, para discutir a migração diante da ofensiva de Trump.
Para lidar com essa “nova era de pressão e incerteza” sobre a questão migratória, o México terá que “pesar cuidadosamente suas opções e encontrar um equilíbrio delicado entre a cooperação mutuamente benéfica e a autopreservação”, afirmou Brenda Estefan, professora na Faculdade de Negócios Ipade na Cidade do México, em artigo publicado nessa segunda-feira na Americas Quarterly.
Prometendo “reconquistar” a soberania do país e “restaurar” a segurança sob sua liderança, o primeiro discurso de Trump, na semana passada, reforçou, em grande parte, suas promessas de campanha, com ênfase em questões espinhosas, como a imigração irregular.
Uma de suas primeiras ações nesse tema, alvo de um de seus primeiros decretos, foi declarar emergência nacional na fronteira com o México, aumentar o contingente militar na região e restabelecer o programa conhecido como “Fique no México”, de sua primeira gestão, que obriga os requerentes de asilo a permanecerem no país vizinho até que tenham uma consulta com um tribunal de imigração dos EUA. Trump também designou os cartéis de drogas como organizações terroristas e ameaçou impor novas tarifas sobre as importações mexicanas, e disse que planeja acabar com o direito à terra, que garante automaticamente a cidadania a qualquer pessoa nascida no país.
“Toda entrada ilegal será imediatamente interrompida e iniciaremos o processo de devolução de milhões e milhões de estrangeiros criminosos aos locais de onde vieram”, declarou Trump, acrescentando que vai enviar tropas para a fronteira sul para “repelir a invasão desastrosa do nosso país”.
Para Estefan, “a postura agressiva do governo Trump com relação à imigração apresenta um desafio imediato” para o México:
“Seus planos de deportação em massa pressionarão cada vez mais as cidades mexicanas na fronteira e deixarão milhões de migrantes irregulares, incluindo aproximadamente 4 milhões de mexicanos nos EUA, temendo por seu futuro”, afirmou. “Os negociadores mexicanos enfrentarão a difícil tarefa de garantir que as deportações de mexicanos dos EUA, e de estrangeiros do México, ocorram de forma ordenada e, ao mesmo tempo, salvaguardem os direitos dos migrantes.” As informações são da agência de notícias AFP.