Sábado, 27 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 26 de outubro de 2016
Na tentativa de evitar uma crise que prejudique sua agenda, o presidente Michel Temer atuou como uma espécie de “bombeiro” para acalmar os ânimos do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e da presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Cármen Lúcia. A ministra e o senador protagonizaram troca de farpas públicas nesta terça-feira (25), o que levou o presidente a entrar em contato com ambos para propor um diálogo entre os dois e pregar a harmonia entre os Poderes.
A preocupação de Temer é que o clima de animosidade entre o Judiciário e o Legislativo possa afetar o cronograma de votações no Congresso Nacional, sobretudo da proposta do teto de gastos públicos. O objetivo do Palácio do Planalto é aprová-la antes do recesso parlamentar, ainda em novembro.
Além disso, o governo federal receia que o ressentimento de Calheiros com o ministro Alexandre de Moraes (Justiça), a quem chamou de “chefete de polícia”, possa inviabilizar o Plano Nacional de Segurança, conjunto de medidas que será lançado pelo governo federal. Parte delas depende de aprovação do Congresso Nacional.
Em busca de uma reconciliação entre Calheiros e Cármen, Temer telefonou para ambos e os convidou para um encontro nesta quarta-feira (26) no Palácio do Planalto. A ideia da reunião foi de Calheiros, mas Cármen alegou agenda cheia.
O próximo encontro entre os três seria na sexta-feira (28), no Palácio do Itamaraty. Em conversa com Temer, no entanto, Calheiros demonstrou resistência em participar da reunião por causa da presença de Moraes. Com o entrave, Temer avalia adiar a reunião para a semana que vem e pretende marcar um novo encontro apenas entre Calheiros e Cármen.
A avaliação de assessores e auxiliares presidenciais é que tanto Calheiros quanto Cármen agiram corretamente ao legitimarem seus espaços e defenderem a soberania de seus respectivos Poderes. O diagnóstico, no entanto, é que Calheiros exagerou nas nas críticas e acabou gerando a reação da presidente do Supremo. O Planalto não contava, porém, com a decisão do presidente do Senado de mandar recados para Cármen.
O Planalto não gostou ainda dos ataques feitos por Calheiros a Moraes. O problema, admite o entorno de Temer, é que Moraes realmente acaba “falando demais” e cria embaraços para o governo. Temer, contudo, tem dúvidas sobre demiti-lo, o que poderia passar a mensagem de que ele cedeu a um pedido de Calheiros e teria a intenção de interferir na Lava-Jato ao exonerar alguém que não impôs obstáculos à operação. (Folhapress)