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Diogo Leuck Momento favorável para indústria calçadista aumentar exportações

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A indústria calçadista brasileira tem diante de si uma oportunidade para aumentar as exportações aos Estados Unidos e à Europa. (Foto: Bloomberg)

A indústria calçadista brasileira tem diante de si uma oportunidade para aumentar as exportações aos Estados Unidos e à Europa e conquistar maior relevância no cenário internacional. O sourcing mundial passa por uma transformação, em que importadores norte-americanos e europeus buscam reduzir a dependência de fornecedores asiáticos (especialmente chineses) devido a questões logísticas, econômicas e políticas, agravadas durante a pandemia.

Nos últimos meses, os pedidos aos fabricantes brasileiros na modalidade private label aumentaram e podem crescer ainda mais, motivados pelo câmbio favorável e pela tradição exportadora do Brasil. Mas outros países latino-americanos também podem ser beneficiados neste movimento.

No Brasil, as grandes indústrias calçados, com pedidos em carteira e produção em níveis elevados, não têm condições de atender a toda a demanda excedente, o que abre espaço aos pequenos e médios fabricantes que hoje não atuam na exportação. Mas poucos estão habilitados. Por isso, uma ação conjunta de empresários e entidades empresariais pretende capacitar pequenas e médias indústrias calçadistas para a atividade exportadora.

Durante o Fórum Fimec 2022, realizado em março, em Novo Hamburgo, propomos ao diretor-presidente da Fenac, Márcio Jung, que aceitou, convidar empresários e dirigentes de entidades coureiro-calçadistas para, juntos, buscarem alternativas que viabilizem o aproveitamento da oportunidade que se apresenta ao país no fornecimento de calçados aos Estados Unidos e à Europa. O grupo terá a participação de uma consultoria disponibilizada pelo Sebrae RS.

Para ajudar as empresas em questões como formação de preço, fluxo de caixa e travamento cambial, por exemplo, entidades como ACI, Abicalçados, Assintecal, CICB, IBTeC, Sebrae, Senai, Apex-Brasil e outras pretendem criar um programa de capacitação de gestores. Algumas destas realizam testes e emitem certificações para produtos destinados ao mercado internacional, o que também é essencial ao sucesso dos negócios externos.

Mercado em crescimento

Em palestra on-line no Fórum Fimec, o presidente e CEO da Footwear Distributors & Retailers of America (FRDA), associação dos revendedores e distribuidores de calçados nos Estados Unidos, Matt Priest, disse que o mercado americano de calçados cresce massivamente. A projeção da entidade é de um crescimento de 3% a 4% em 2022, em relação ao volume importado no passado, que foi superior a 2,5 bilhões de pares.

Pries destacou as oportunidades para o Brasil no cenário atual, onde ocupa a oitava posição entre os maiores fornecedores. “Atualmente, 42% dos nossos fornecedores são chineses. Embora a liderança seja deles, muita coisa está mudando. O Brasil está ressurgindo desde 2021 e se tornando mais competitivo”, contextualizou.

Conforme o CEO, muitos negócios podem vir do Brasil, pois as questões geopolíticas da China geram uma certa instabilidade no mercado. Priest incentivou o Brasil a continuar investindo para ter preços competitivos no mercado. “A cultura brasileira e latino-americana são fortes aqui no mercado norte-americano. O Brasil precisa ter dinamismo e procurando bons negócios de forma inteligente. Nós queremos encontrar novos fornecedores, com produtos inovadores e preço competitivo”, complementou.

A necessidade de união para ampliar sua participação no mercado calçadista internacional, a cadeia produtiva precisa avançar em bloco, e não individualmente, e fazer sapatos de forma diferente do que fazia em outras décadas.

A transformação do sourcing mundial exige inteligência e compartilhamento de informações. Além disso, é necessário desenvolver uma cultura de precificação, programação, capital de giro e qualidade, que já é prática consolidada na empresa. As soluções precisam ser incorporadas da porta para dentro das fábricas e envolver também inovação, tecnologia e capacitação para que possamos ter um olhar de fornecimento a longo prazo.

Logística favorável

A logística favorável é um dos fatores que podem ajudar o Brasil no aumento das exportações de calçados. Luiz Valentim Corneo, diretor-presidente da ECX Global, empresa de logística integrada, comércio exterior e transportes, explica que as rotas aéreas e marítimas entre Brasil e Estados Unidos estão em condições muito boas. O transtime (intervalo para que uma mercadoria seja entregue após ser retirada da indústria, do armazém ou do centro de distribuição) entre Santos/SP e a Costa Leste, por exemplo, é de 21 dias, enquanto da China e do Vietnã é de 40 dias”, explica.

O cenário é ainda mais favorável se os embarques forem feitos em portos do Nordeste, como Pecém, no Ceará, com transtime de 12 dias. “É uma performance excelente e o nível de serviços muito bom permite assegurar o prazo de entrega, que é ponto de sustentação ao private label”, acrescenta Corneo. No transporte aéreo, a vantagem brasileira é ainda maior: o transtime é de 1/3 do tempo do da China para os Estados Unidos, que é de 4 dias.

Tecnologia como aliada

“Somos muito melhores para competir do que há 30 anos”, explica o diretor da Master Equipamentos Industriais, André da Rocha. Conforme ele, em 1998, o Brasil produziu 560 milhões de pares com 260 mil trabalhadores, enquanto o mundo obteve produção de 10 bilhões de pares. Em 2019, o Brasil fabricou 920 milhões de pares com 300 mil pessoas envolvidas diretamente, e o mundo fez 22 bilhões de pares. “Isso significa que as máquinas para calçados brasileiras têm nível mundial, mas as indústrias têm que utilizar conceitos de engenharia na produção”, ressalta.

Segundo ele, a parada de máquinas, no Brasil, é uma das melhores do mundo, de apenas 8%, (Nos EUA, é de 1,5%) mas outros fatores precisam ser melhorados. “Os sapatos da New Balance, por exemplo, demoram três horas para serem finalizados, enquanto no Brasil demoram, em média, cinco dias para ficarem completamente prontos”, exemplifica.

Exportações de calçados cresceram 64,8% até julho

Dados elaborados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) apontam crescimento das exportações em 2022. Entre janeiro e julho, os embarques somaram 86,87 milhões de pares, que geraram US$ 763,4 milhões, incremento tanto em volume (+31,8%) quando em receita (64,8%) em relação ao mesmo período do ano passado. No mês de julho, foram embarcados 12 milhões de pares por US$ 111,84 milhões, um aumento de 35,3% em pares e de 50,8% em receita na relação com o mesmo mês de 2021.
Os números são expressivos, mas o potencial do mercado internacional nos sinaliza com negócios ainda maiores. Para isso, no entanto, é necessário pensar e agir coletivamente. Sem isso, a oportunidade passará e não teremos outra tão cedo.

Diogo Leuck – Presidente da Associação Comercial Industrial e de Serviços de Novo Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha, Convidado especial FEDERASUL DIVISÃO JOVEM

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