Sábado, 11 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 19 de maio de 2016
“Se Rosa Elvira Cely não tivesse saído à noite com seus colegas de turma, não estaríamos hoje lamentando sua morte.” Foi recorrendo a essa justificativa que a prefeitura de Bogotá (Colômbia) responsabilizou a própria vítima por seu trágico destino, um crime que levou milhares de colombianos a protestar e que, anos depois, permanece vivo na memória coletiva.
Por essa interpretação, se a colombiana de 35 anos não tivesse tomado tal decisão em 23 de maio de 2012, seu colega de turma Javier Velasco não a teria conduzido a uma zona escura do Parque Nacional de Bogotá, não a teria violado e torturado. Como resultado, ela não morreria no hospital quatro dias depois, deflorada por um galho de árvore que o assassino usou para estuprá-la.
“Todos sabiam que [Javier Velasco e Mauricio Ariza, o primeiro, condenado a 48 anos de prisão, e o segundo, considerado inocente] tinham comportamentos atípicos e eram vistos como bandidos”, informa um documento firmado pela advogada Luz Stella Boada. “Apesar de tudo isso, Rosa Elvira Cely saiu com eles, foram beber junto.” A prefeitura de Bogotá pretendia responder com esses argumentos à acusação de negligência apresentada pela família de Rosa, que alega que a polícia, a promotoria e as secretarias de Governo e da Saúde não atuaram devidamente para evitar o homicídio.