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Mundo Nas eleições nos Estados Unidos, saiba por que Donald Trump vence entre os homens brancos

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O atual presidente americano aprofundou a divisão de gênero que já existia nos EUA. (Foto: Tia Dufour/The White House)

A lacuna entre os gêneros provavelmente precisa de um novo nome. O termo inglês gender gap soa clínico, como se fosse uma condição intrínseca à política. Mas ele nem sempre existiu, e a cada novo ciclo eleitoral, se torna mais extremo. Se olharmos mais de perto, essa lacuna entre os gêneros precisa de um outro nome. É a lacuna do homem branco. Ou o problema do homem branco.

Pense no que o mapa político dos EUA seria se só os homens brancos votassem.

Teríamos o senador Roy Moore representando o Alabama, onde 72% dos homens brancos (e 63% das mulheres brancas) votaram em um homem acusado de abusar sexualmente de uma menina de 14 anos — e que foi acusado de má conduta sexual por muitas outras mulheres, todas relacionadas a incidentes que, segundo elas, aconteceram quando eram menores de idade (ele nega as acusações).

Teríamos o senador David Duke pela Louisiana. Todo o Senado dos EUA seria diferente — com os democratas representando apenas uns poucos Estados. E nunca teria havido um presidente Barack Obama.

Pesquisas sobre a eleição presidencial desta terça-feira (3) revelam uma enorme divisão por gênero. O eleitorado como um todo parece pronto a expulsar Donald Trump por uma grande margem de votos. Mas não os homens. A última pesquisa realizada pelo jornal The New York Times e o Siena College mostra que 48% dos homens apoiam a reeleição de Trump, em comparação a 42% que apoiam Joe Biden. Entre as mulheres, 35% são a favor de Trump e 58% votarão em Biden.

Por que homens e mulheres, mesmo alguns que vivem sob o mesmo teto, têm visões tão divergentes sobre os temas mais importantes e sobre quem deve liderar os EUA?

A lacuna de gênero nos EUA tem sido tema de pesquisas acadêmicas. O que elas mostram, em geral, não é favorável aos homens. As mulheres tendem a votar baseadas na sua percepção do que seria um benefício para o país e para as comunidades. Os homens pensam mais em si mesmos.

Certamente, há muitos homens (e mulheres) atraídos pela retórica racista, nativista e misógina de Trump. Para outros, no entanto, a escolha tem mais nuances.

Há uma palavra muito usada por cientistas políticos — projeção — que cabe aqui. É uma maneira de emoldurar os temas que importam mais aos eleitores. Um homem e uma mulher podem ter ficado enojados com o comentário de Trump “eu as pego pela boceta”. Nenhum dos dois gostou da política que separou famílias de migrantes na fronteira e colocou crianças em jaulas. Os dois pensam que ele estragou a resposta ao coronavírus.

Mas esses temas não têm a mesma projeção para eles. O homem se importa, mas não se importa tanto. Sua preocupação principal é mais provavelmente com o saldo de US$ 401.000 em sua conta.

“As mulheres pensam sobre o governo em termos do bem-estar do país”, diz Melissa Deckman, professora de Ciência Política no Washington College, em Maryland, que tem escrito extensivamente sobre o gender gap. “Os homens mais possivelmente pensarão sobre seu bolso. Seu ponto de partida é: “Como isso me afeta?”.

Há quem defenda que essa lacuna de gênero surgiu porque as mulheres passaram a votar pensando em si mesmas. Mas o sociólogo Martin Gilens, da Universidade da Califórnia, tem problemas com essa ideia.

É possível argumentar que, mais do que homens e mulheres terem mudado seus modos de pensar nas últimas décadas, os dois maiores partidos basicamente construíram suas marcas com base em gênero e raça. As centenas de milhões de dólares investidos a cada ciclo eleitoral para “energizar as bases” serviram para levar os eleitores aos seus lugares. Uma vez dentro, eles ouvem mensagens que reafirmam a identidade do partido.

O Partido Republicano é para homens brancos e para pessoas que pensam como homens brancos. “Vemos isso em questões de pesquisas como ‘Os EUA estão ficando muito leves e femininos?’, explica o Dr. Deckman. “Quem responde “sim” está fortemente aliado aos Republicanos.”

O Partido Democrata é o partido para mulheres e negros, que são ainda mais democratas que as mulheres. É também, e cada vez mais, o partido das pessoas com educação superior. Em uma pesquisa realizada no fim de setembro pelo jornal The Washington Post e a rede de TV ABC News, Trump liderava Biden por modestos oito pontos entre os homens brancos com diploma universitário, mas por 39 pontos entre os homens sem educação superior. Em outras palavras, homens brancos com ensino superior estão começando a votar mais como as mulheres e os negros.

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