Terça-feira, 24 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 3 de fevereiro de 2021
Criado para reforçar a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento, o Dia Mundial do Câncer é celebrado em 4 de fevereiro. E foi justamente esta quinta-feira a data escolhida pela direção do Hospital Moinhos de Vento para inaugurar uma estrutura que amplia o combate à doença em Porto Alegre: o Laboratório de Genética e Biologia Molecular.
Serão realizadas na unidade análises moleculares relacionadas a diferentes patologias, em especial aquelas no âmbito da oncologia e hematologia. Serão oferecidos testes para biomarcadores que determinam tratamentos específicos, definem diagnósticos e prognósticos, monitoram a efetividade de tratamentos e identificam pacientes com risco ampliado.
Resultado de um investimento de R$ 2,1 milhões em obras e equipamentos, o Laboratório integra o Serviço de Patologia do Moinhos, entregue em novembro de 2020 e chefiado pelo médico Antonio Hartmann.
Com o espaço, a instituição se tornou autossuficiente em exames anátomo-patológicos, podendo realizar 3 mil procedimentos por mês – um avanço que se consolida com a genética e biologia molecular.
O biólogo Gabriel Macedo, coordenador da nova unidade, explica que as aplicações dos exames são muito variadas, facilitando e promovendo a medicina de precisão — que permite desfechos mais assertivos para o caso específico do paciente. Ele menciona como exemplo do adenocarcinoma de pulmão:
“Existem algumas drogas de alvo molecular e imunoterapias contra esse câncer. Com o teste molecular, o oncologista saberá exatamente qual a melhor escolha para aquele paciente”.
Outro avanço trazido pela estrutura é a possibilidade de realizar aconselhamento genético – ou seja, identificar se o paciente possui alguma falha nos genes que, futuramente, poderá desencadear um câncer:
“Se uma alteração molecular herdada é identificada, o manejo do paciente pode ser modificado. Isso no intuito de reduzir os riscos de um tumor ou, ainda, possibilitar um diagnóstico mais precoce”.
No laboratório, será realizada ainda a chamada “biópsia líquida”, que identifica rastros deixados pelos tumores nos fluidos corporais, como células e frações de DNA tumorais circulantes.
“Essas tecnologias nos colocam muito à frente na batalha contra esse grande desafio que é o câncer”, ressalta Sérgio Roithmann, chefe do Serviço de Oncologia do Hospital Moinhos de Vento. “Teremos muito mais ferramentas à mão para trazer melhores desfechos aos pacientes.”
O espaço participará, ainda, de programas de certificação internacional, buscando a qualificação contínua e as melhores práticas. Superintendente médico do Hospital Moinhos, Luiz Antônio Nasi salienta:
“Com essa estrutura, estamos alinhados ao que há de mais moderno no mundo em termos de genética e biologia molecular, reforçando nossa instituição em sua permanente missão de cuidar de vidas”.
Evento
Após a cerimônia de inauguração, marcada para as 9h, será realizado um debate on-line. Na pauta, a biologia molecular e suas aplicações na medicina. O evento é gratuito e será apresentado pelo médico Gabriel Macedo, com as seguintes participações:
– Roberto Giugliani, geneticista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre e que falará sobre o papel da genética na medicina no século 21;
– Rui Manuel Reis, coordenador do Centro de Pesquisa em Oncologia Molecular do Hospital do Câncer de Barretos (SP) e que destacará temas como a genética e a farmacologia no tratamento oncológico.
Estatística
Em fevereiro de 2020, o Instituto Nacional do Câncer lançou a publicação “Estimativa 2020 – Incidência de Câncer no Brasil”. O material indicou que, no triênio 2020-2022, serão registrados 625 mil novos casos de tumores no país. Entre os principais, estão os de mama, próstata, cólon e reto, pulmão e estômago.
Com risco ampliado pelo estilo de vida, como sedentarismo, má alimentação e tabagismo, essas doenças também têm origem em causas hereditárias, pela herança genética familiar. Em muitos casos, quanto mais cedo o câncer for detectado, maiores são as chances de cura.
(Marcello Campos)
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