Quinta-feira, 27 de novembro de 2025
Por Redação O Sul | 31 de março de 2021
Na noite desta terça-feira (30), o médico oncologista clínico e ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, participou do projeto Mitos e Verdades Sobre Câncer, organizado pelo Grupo Oncoclínicas, no Rio Grande do Sul. O encontro virtual marcou a retomada do projeto em 2021 e contou com a mediação do Dr. Carlos Barrios e do Dr. Stephen Stefani.
Teich iniciou sua participação falando sobre o atual e difícil momento em que enfrentamos, devido a pandemia da Covid-19. “É uma doença que a gente conhece muito pouco dela, da capacidade de evolução, e infelizmente, a gente não sabe nem quando vai acabar e qual o tamanho que isso vai tomar”, destacou. Segundo o ex-ministro, este é um momento complicado de fazer gestão, pois é tempo de incerteza e desconhecimento. “Você não tem um livro para ler, você vai ser o camarada que vai escrever os livros para a geração futura”, afirmou Teich.
O ex-ministro falou ainda sobre o sistema de saúde, que segundo ele está sobrecarregado, reflexo das aglomerações do verão, carnaval e feriados. “A gente não tem remédio, a solução é a vacina, o problema da vacina é a lentidão. Isso permite que as variantes se espalhem e quanto mais elas se espalham, mais chances de ter novas variantes em cima das variantes antigas. Essa explosão que nós estamos tendo hoje, com certeza é uma combinação das variantes com as pessoas interagindo. Você interage com uma cepa que transmite mais fácil e você multiplica isso, e talvez, você terá vacinas que não vão funcionar tão bem”, explicou o médico.
Outro fator importante de ser lembrado é que as pessoas confundem a vacinação com a imunização. Após a primeira dose, indiferente da vacina recebida, é necessário um certo tempo para o imunizante fazer efeito. Conforme Teich, na prática, deve-se analisar diversos fatores, como: o efeito de infecções anteriores, a possibilidade de cepa nova, se a nova variante causa reinfecção, se alguém possui imunidade nata, entre outros. Além disso, outro assunto debatido, foi o receio das pessoas de procurarem ajuda médica no caso de algum desconforto, seja uma dor no peito ou até mesmo, o cancelamento de algum procedimento. “A pandemia tem afastado as pessoas de procurarem auxilio para determinadas doenças que necessitam de procedimentos, e isso, ao longo do tempo vai trazer consequências. Quanto mais tempo para essas doenças serem diagnosticadas, mais difícil vai ser de tratar. Alguns procedimentos devem ser mantidos”, ressaltou o convidado.
De acordo com Teich é necessário rever a estrutura hospitalar, e assim, preparar os hospitais para o futuro. ” A arquitetura hospitalar tem que mudar, é difícil se preparar para algo que a gente não pensa, por isso planejar é interessante. Assim você não é pego de surpresa”, destacou.
O ex-ministro afirmou que o sistema de saúde não precisa de pequenos ajustes, mas sim de uma restruturação, e para isso é necessário sete características para conduzir esse processo, que são: liderança, coordenação, estratégia, planejamento, informação, execução e comunicação. “Se falhar em algum deles começa a ficar difícil. O Brasil nunca viveu uma situação onde foi tão necessário liderança e coordenação na saúde”, finalizou.
Próximo debate
O próximo encontro virtual será conduzido pelos oncologistas do Grupo Oncoclínicas no Rio Grande do Sul, Dr. Stephen Stefani e Dr. Carlos Barrios, no qual abordarão os principais impactos causados pela Covid-19 na rotina do paciente. A importância da vacina, os riscos de contrair o vírus e as medidas de segurança para realizar exames e tratamentos oncológicos também estarão entre os temas debatidos.
Em 2021, o projeto Mitos e Verdades contará com edições bimestrais. A iniciativa é gratuita e visa orientar o público sobre o câncer, estimulando a prevenção da doença através da informação de qualidade.