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Brasil O Brasil sofre para expandir internet, 20 anos após privatizar a Telebras

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A banda larga e a fibra óptica ainda estão fora do alcance de muitos. (Foto: Reprodução)

Após 20 anos da privatização do Sistema Telebras, o setor de telecomunicações brasileiro enfrenta um novo desafio: ampliar o acesso à internet no Brasil. A banda larga e a fibra óptica têm avançado, mas ainda estão fora do alcance de quem vive em áreas mais isoladas e daqueles que não conseguem arcar com os preços dos pacotes, segundo analistas e representantes do setor.

No País, 62% dos municípios têm estrutura de fibra óptica, segundo dados de 2017 da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Há ainda fortes diferenças regionais: no Piauí, apenas 16,5% dos municípios tinham a rede. No
Amazonas, eram 35,5%, e, em Minas Gerais, 40%.

Mesmo a cobertura de telefonia móvel (3G e 4G), que já atinge praticamente todo o País, muitas vezes chega com baixa qualidade ou preços altos demais para a população local, diz Arthur Barrionuevo, professor da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da FGV (Fundação Getulio Vargas).

“Dependendo do local, a rede chega, mas tem de ver com qual velocidade. Há também a questão do preço, porque tem muito imposto sobre a tarifa e porque em diversos locais a renda é baixa demais. Isso deixa muitas pessoas de fora.”

Para analistas e associações do setor, a dificuldade para ampliar o acesso está ligada à rápida mudança tecnológica das telecomunicações, que não foi acompanhada por atualizações nas regras, ainda pensadas para outra realidade.

Em 29 de julho de 1998, quando 12 empresas do Sistema Telebras foram vendidas por R$ 22 bilhões (cerca de R$ 76 bilhões, em valores corrigidos pela inflação), o setor estava diante de uma revolução: universalizar o acesso ao telefone fixo.

À época, havia apenas 17,5 milhões de linhas em todo o País. A população pagava mais de R$ 1.000 por uma linha e esperava cerca de dois anos pela instalação.A disseminação do telefone celular era ainda mais baixa: havia pouco mais de 4 milhões de assinantes.

Hoje, uma nova reviravolta se aproxima, com a chegada de tecnologias como a internet das coisas (conceito em que todos os objetos da vida cotidiana estariam conectados à rede) e a indústria 4.0 (inclusão de tecnologias de automação e troca de dados ao sistema produtivo).

Com isso, a tendência é que a desigualdade aumente ainda mais, diz Barrionuevo. “A internet das coisas vai afetar uma série de equipamentos que usamos no dia a dia. Quem hoje já está fora da internet porque é muito pobre é quem mais vai se prejudicar. Temos de correr com uma solução”, afirma.

Uma das medidas apontadas como essenciais para destravar os investimentos na expansão da infraestrutura é a alteração da Lei Geral das Telecomunicações, que completa 21 anos em 2018.

A principal mudança defendida pelas empresas seria isentar as concessionárias de fazer investimentos em telefonia fixa e transferir esses recursos à expansão da internet.

“As companhias investem até R$ 450 milhões por ano para manter o parque público de orelhões no País, uma estrutura que ninguém está aproveitando. Hoje o que a população precisa é de acesso à internet”, afirma Carlos Sequeira, analista de telecomunicações do BTG Pactual.

O projeto, porém, está parado no Congresso, e analistas já começam a duvidar da viabilidade da aprovação.

Para a Anatel, há outras medidas em debate. Uma delas seria alterar, também via projeto de lei, a destinação de recursos do Fust (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações).

O fundo, que recebe 1% da receita operacional bruta das companhias do setor, atualmente só pode destinar os recursos à telefonia fixa.

Na prática, porém, nem mesmo esses investimentos ocorrem, uma vez que os recursos vão para os cofres da União e acabam sendo usados para outros fins.

O Fust arrecadou R$ 20,4 bilhões entre 2001 e 2017, segundo o Sinditelebrasil, que representa as empresas do setor.

Uma mudança para tornar o fundo mais efetivo está atualmente em discussão no Congresso. A ideia é fazer com que os recursos sejam usados para expandir o acesso à internet, diz Carlos Baigorri, superintendente-executivo da Anatel.

Além das reformas que dependem do aval do Congresso, o governo deverá ter uma importante janela para estimular a universalização da banda larga nos próximos anos: o leilão de frequência para o 5G.

O 5G, como é chamada a quinta geração de internet móvel, tem potencial de atingir uma velocidade cerca de dez vezes maior do que o 4G.

A expectativa da Anatel é realizar entre 2019 e 2020 o leilão para o 5G, no qual as empresas poderão comprar pedaços da faixa de frequência.

Para Baigorri, seria determinante que o governo federal ampliasse suas exigências de universalização no leilão — ou seja, determinasse que as vencedoras fizessem investimentos nas regiões mais pobres ou isoladas do País.

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https://www.osul.com.br/o-brasil-sofre-para-expandir-internet-20-anos-apos-privatizar-a-telebras/ O Brasil sofre para expandir internet, 20 anos após privatizar a Telebras 2018-07-29
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