Terça-feira, 28 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 11 de junho de 2017
Sacudido pela instabilidade política, o Brasil assumirá a presidência do Mercosul no fim de julho, para um semestre que promete ser o mais importante em muitos anos, do ponto de vista econômico. No período ocorrerão as negociações mais difíceis do acordo com a União Europeia, cuja conclusão os dois lados gostariam de anunciar no fim do ano. Outro ponto alto da coordenação brasileira deverá ser a assinatura de um acordo de compras governamentais entre os sócios do bloco.
No entanto, a crise brasileira ameaça tirar foco e velocidade dos trabalhos. “Se eu dissesse que não atrapalha, estaria mentindo”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria, Carlos Abijaodi. “Toda negociação precisa de um ambiente de confiança”. No próprio governo, admite-se que a instabilidade “deixa tudo mais ou menos.”
O período de presidência brasileira à frente do Mercosul deve ser uma continuidade do trabalho iniciado em 2017 pela Argentina: o revigoramento do lado econômico e comercial do Mercosul, abandonado principalmente no período em que o Brasil foi presidido por Dilma Rousseff e a Argentina por Cristina Kirchner. O trabalho envolve duas frentes: a melhora no comércio no bloco e os novos acordos comerciais. Além da União Europeia, há conversas com o Canadá, o Efta (Suíça, Liechtenstein, Noruega, Islândia) e o Japão, entre outros.
Mercosul e União Europeia já conseguiram fechar pelo menos um capítulo do acordo: o que trata de defesa da concorrência. Por ele, os órgãos antitruste dos países poderão colaborar entre si. Já há textos-base para negociação em todos os demais temas, o que é considerado um quadro promissor.
A mais recente rodada de entendimentos, ocorrida em Buenos Aires no fim de maio, terminou com avanços. “O avanço significativo nessa rodada demonstra de forma cristalina o interesse tanto do Mercosul quanto da União Europeia em concretizar o acordo de livre comércio o mais breve possível”, diz o ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, Marcos Pereira. (Lu Aiko Otta/AE)