Terça-feira, 15 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 7 de janeiro de 2022
O cancelamento do visto de Novak Djokovic está tomando ares de conflito internacional entre a Austrália, que não permitiu a entrada do tenista por não estar vacinado contra a covid, e a Sérvia, país do número um do mundo. O presidente sérvio, Aleksandar Vucic, diz que seu compatriota é uma vítima de perseguição política. Fãs do tenista fizeram protestos em Belgrado e Melbourne. Enquanto isso, Djokovic tenta evitar a deportação e conseguiu que seu caso seja apreciado pela Justiça na Austrália na segunda-feira.
Já a preocupação do primeiro-ministro da Austrália, Scott Morrison, é mostrar que o governo não foi conivente com a “permissão especial” dada ao tenista. Quer evitar sair arranhado do episódio.
Djokovic chegou a Melbourne na quarta-feira, não conseguiu dar justificativa para a permissão especial, uma vez que não tomou a vacina contra a covid, e foi barrado. Passou a madrugada de quinta no aeroporto, até ser deslocado a um hotel especial, reservado a refugiados. Ele deve permanecer no local até ter seu caso analisado por um juiz federal, na segunda-feira.
O local é mais um motivo para as rusgas entre os sérvios e os australianos. Djokovic queria ficar no imóvel que havia alugado com antecedência em Melbourne, mas pelo menos inicialmente o pedido foi negado. Isso irritou ainda mais o pai do tenista, Srdjan Djokovic.
Conhecido pelas declarações polêmicas, ele disse que o filho está sendo “pisoteado” e “crucificado” e que a situação é uma agressão ao povo sérvio. “Novak é a Sérvia e a Sérvia é Novak. Estão pisoteando Novak e, ao mesmo tempo, pisoteando a Sérvia e o povo sérvio”, declarou Srdjan. “Eles crucificaram Jesus e agora estão tentando crucificar Novak da mesma forma, forçando ele a ficar de joelhos. Eles levaram todas as suas coisas e sua carteira. Ele é um prisioneiro.”
O presidente sérvio reforçou o discurso político. “O que não é jogo limpo é essa a perseguição política. Acho que esse tipo de fúria política sobre Novak vai continuar para que eles possam provar algo. Quando você não pode vencer alguém, então você se dedica a esse tipo de coisa.”
A barração do ídolo levou a protestos de centenas de sérvios na quinta-feira em Belgrado, insuflados pelo pai do tenista. Em frente ao hotel em que Djokovic está em Melbourne também ocorreram protestos dos fãs.
O primeiro-ministro australiano também foi alvo de críticas em seu país. Quando a permissão especial dada a Djokovic se tornou pública, Scott Morrison tratou de tirar o corpo fora. Disse que a permissão foi dada pelo governo do Estado de Victoria.
“Isso é um assunto para o governo vitoriano. Eles lhe deram uma isenção para vir à Austrália, então agimos de acordo com essa definição. O governo vitoriano tomou sua decisão sobre isso. Então é preciso perguntar ao governo de Victoria sobre as razões para fazê-lo”, disse inicialmente.
Quase um dia depois, quando o sérvio teve o visto cancelado, Morrison foi mais duro. “O visto do Sr. Djokovic foi cancelado. Não há casos especiais, regras são regras. Ninguém está acima destas regras. Nossa rígida política de fronteira foi essencial para a Austrália apresentar um dos menores índices de morte por covid-19 no mundo”, disse.
Já as autoridades sérvias dizem fazer “todo possível” para ajudar Djokovic. O governo disse ter feito contato duas vezes com o embaixador australiano no país e a primeira-ministra, Ana Brnabic, iria falar com uma autoridade de alto escalão do governo australiano.
Em uma publicação nos stories de sua conta no Instagram, o tenista número 1 do ranking da ATP agradeceu o “apoio contínuo”, apesar das várias críticas que recebeu. “Obrigado às pessoas ao redor do mundo por seu apoio contínuo. Eu posso senti-lo e o agradeço enormemente”, escreveu Djokovic. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.