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Colunistas O Coronavírus e a economia comportamental

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(Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

O advento do coronavírus está afetando profundamente a economia global. As bolsas despencam mundo afora, cadeias globais de produção são afetadas, cidades são colocadas em quarentena e o pânico toma conta de países inteiros, situação somente vista em épocas de guerra.

O oxigênio do capitalismo é o giro do dinheiro, a dinâmica dos mercados, um comércio vigoroso e a livre circulação de pessoas e mercadorias. Com menos gente consumindo e circulando, um dos fundamentos da economia de mercado é abalado e a repercussão disso se dará em ondas, inevitavelmente atingindo a economia como um todo, com setores sendo afetados com maior ou menor intensidade.

Diante do colapso de alguns setores e da aguda crise que emergiu a partir do coronavírus nos perguntamos: haverá um fio condutor com eventos passados da mesma natureza? Situações tão dramaticamente devastadoras poderiam ser previstas ou amenizadas com estratégias proativas?

Para responder a essa questão é preciso ir além da racionalidade econômica. A questão que está presente em todos os episódios de crises profundas de mercado é de natureza psicológica e esse é o ponto em comum. Nesses momentos, parece que o primado do “homem racional” perde espaço para a irracionalidade, as emoções e o medo.

Novas descobertas no campo da economia comportamental, particularmente a partir da década de oitenta do século passado, deram tons inéditos à análise econômica. Com o Nobel de economia conferido a Daniel Kahneman e mais recentemente a Richard Thaler, definitivamente a economia comportamental adquiriu um novo status.

A noção de que o mercado não erra, os preços sempre refletem o valor real e o homem é um decisor racional passaram a ser relativizados a partir de um entendimento mais humanizado da própria economia, antes tida como uma área bastante avessa a esse tipo de questionamento.

Convictos de que as contingências e desvios não são simples anomalias, vários economistas, americanos lotados especialmente em Harvard, MIT e Stanford, passaram a questionar alguns dogmas da rainha das ciências sociais, obviamente provocando enorme resistência dos mais conservadores, aliás como sempre acontece quando algum paradigma é confrontado.

A atual crise, mesmo fugindo do padrão histórico que geralmente está vinculado a problemas com moedas, imóveis, ações, câmbio e até tulipas, no longínquo ano de 1630, na Holanda, também denota alto grau de histeria, exageros e pânico generalizado, fato que não pode ser analisado somente com as lentes da racionalidade. Há enorme carga emocional em campo.

A dupla hélice do DNA da crise atual tem, de um lado, uma pandemia que está a merecer providências do mundo todo, em maior ou menor grau. De outro, elementos objetivos como a antecipação de uma recessão econômica mundial, queda abrupta do preço do petróleo e elementos geopolíticos formando a paisagem. A combinação desses dois fatores objetivos com o comportamento irracional das pessoas em momentos de crise, compõem um mosaico altamente imprevisível e de impactos ainda não calculados para a economia mundial.

A repetição das crises ao longo do tempo, nas quais assistimos aos mesmos elementos comuns, como pânico, histeria coletiva, e “efeito manada”, levanta a questão por que as pessoas não aprendem com a história. Por que se repetem os episódios de especulação e drama e insanidade em massa? A resposta não é animadora: parece que em nenhuma outra área a história vale tão pouco como no mundo das finanças!

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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