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Colunistas O dia em que os estagiários sumiram!

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O serviço era executado pela FDRH. (Foto: Reprodução)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Esta Coluna é feita em homenagem aos estagiários e assessores de todos os órgãos da Justiça. É uma metáfora. Assim deve ser lida. Com espírito aberto. Se ficar nervoso ao ler, peça um chazinho de maracujá ao seu estagiário.

Ao trabalho, pois. Se os estagiários fizessem greve, parariam o País (aqui, a expressão “estagiários” representa os assessores lato sensu – essa valorosa classe que é absolutamente indispensável). Afinal, eles, os estagiários, “proferem sentenças, acórdãos, pareceres, elaboram contratos de licitação, revisam processos… Vão ao banco. Sacam dinheiro. Possuem as senhas. Eles assinam eletronicamente documentos públicos. Eles decidem. Têm poder. Eu os amo e os temo”. Quem já não ouviu diálogos assim? “Ontem decidi assim…”, ao que o outro responde: “Na minha Câmara temos outra posição…”; e entra um assessor na conversa: “Meus votos são concisos, não me alongo muito…”.

Imaginem, por um minuto, uma paralisação ampla e geral dos estagiários. Seria o caos. Não haveria sentenças, acórdãos, pareceres, contratos de licitação. Quantas senhas se perderiam? Quantos documentos públicos não seriam assinados? Os escritórios de advocacia também seriam duramente atingidos. Seria algo como no filme Um Dia Sem Mexicanos: A Califórnia está em estado de choque, pois da noite para o dia, um terço de sua população simplesmente sumiu. Bingo.

Ouso dizer que, sem estagiários, não haveria nem Power Point com setinhas (esse seria o lado bom da greve, se me permitem a ironia). Mas vejam: se minhas brincadeiras falam sobre os estagiários de Direito, é tão somente porque são as metáforas de um jurista com décadas voltadas à luta pelo Direito. São os estagiários do Direito os que melhor conheço. Dito isso, lembremos sempre que, se essas palavras são lidas, é porque estagiários das mais diversas áreas trabalharam silenciosa e quase invisivelmente para que o papel fosse impresso, as peças do computador fossem montadas…

Estagiários estão em todos os lugares. Neste momento, um deles pode estar vigiando você. Ou pode estar examinando uma filmagem que a polícia fez de você. Sim, eles também estão na polícia. Podem estar redigindo o mandado de condução coercitiva que tirará você da cama amanhã as 6 da manhã. Mas, vejam: estagiários não cumprem esses mandados. Bom para eles. Nem fazem delação.

O ponto é muito simples: os estagiários tocam este país. Torçamos para que os estagiários sintam-se satisfeitos e não parem. O país precisa deles. À luta. Estagiários e assessores de todo o sistema de justiça: Uni-vos. Feliz ano novo a todos.

Ah: um jantar de final de ano para os estagiários não seria má ideia, seria? Calma, calma, mais uma vez (tome um chazinho). Explico: Para quem acha que isso só ocorre no Brasil, vejam o que disse o famosíssimo juiz norte-americano Richard Posner, corifeu da Análise Econômica do Direito:
“Embora a qualidade média das decisões judiciais possa não ter diminuído em consequência da atribuição de redigi-las a estagiários, a variação de qualidade diminuiu. Os estagiários de direito – que em sua maioria, são indivíduos recém-formados em direito, com referências acadêmicas extraordinárias, mas sem experiência em direito ou em qualquer outra profissão – são mais homogêneos que os juízes. A tendência à uniformidade da produção, também característica das petições redigidas pelos grandes escritórios de advocacia, encontra equivalência na evolução em direção à fabricação em massa de produtos…”.

Bingo

Os Isteites imitando o Brasil…! Mais uma vez, Feliz Ano Novo a todos (não digo a “todos e a todas” porque respeito o vernáculo e não sou tão politicamente correto assim). Incluso para os que criticam meus textos sem a ler. Ou se esforçam para não a compreender. Sim, sei que estagiários e assessores não decidem, não denunciam… Eu respondo: claro, claro, claro. Juízes leigos nos Juizados também não decidem. Quem decide é quem assina, certo?

Pois é

Poderia até criar um slogan disso: evite o sofrimento e o calvário, consulte sempre um estagiário! Bingo!

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/o-dia-em-que-os-estagiarios-sumiram/ O dia em que os estagiários sumiram! 2017-12-29
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