Quarta-feira, 24 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 13 de março de 2019
No primeiro discurso como presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto fez um roteiro do que deve ser sua gestão à frente da autoridade monetária. Além de reduzir juros para consumidores e estimular bancos a concederem crédito para empreendedores, ele quer transformar o real em uma espécie de euro para a América Latina. Campos Neto anunciou que quer que o dinheiro brasileiro se torne uma moeda conversível, ou seja, uma referência internacional para negócios. Isso poderia fortalecer o País mundialmente e protegeria o Brasil de crises externas.
Ele não detalhou como seria o processo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, elogiou a iniciativa e lembrou que o real pode ser referência nas transações de países como, por exemplo, a Venezuela.
“Talvez tivesse uma moeda que fosse uma espécie de euro da América Latina. Talvez todos estivessem aderindo à nossa moeda. É o pouco do que eu posso dizer do projeto do Roberto”, disse o ministro.
Quando um país tem uma moeda conversível fica mais independente. Os Estados Unidos, por exemplo, podem emitir dólares para pagar os compromissos durante uma crise. Já o Brasil precisa comprar dólares para se proteger das turbulências internacionais. Ter uma moeda conversível faria com que o país precisasse ter uma poupança internacional menor.
Novos indicadores
O novo presidente prometeu criar índices para acompanhar mais de perto as mudanças que pretende fazer. Quer monitorar coisas como o peso da burocracia no acesso a mercados e a inclusão de diferentes grupos demográficos nos mercados financeiros. Falou também que quer estimular que os bancos parem de financiar o Estado para emprestar dinheiro para os empreendedores.
Campos Neto também disse que espera uma queda maior dos juros para os consumidores no futuro: “Ainda não estamos satisfeitos com esses resultados, temos um longo caminho a percorrer.”
Autonomia e juros
O novo presidente do BC ressaltou que a queda dos juros seria mais rápida se o Congresso Nacional aprovasse o projeto que dá autonomia à autoridade monetária. O texto já foi negociado pelo governo Michel Temer, mas ainda não foi apresentado formalmente. O presidente Jair Bolsonaro incluiu o tema nas prioridades de 100 dias do governo, mas isso não avançou até agora.
“Acreditamos que um BC autônomo estaria melhor preparado para consolidar os ganhos recentes e abrir espaço para os novos avanços de que o país tanto precisa”, afirmou Campos Neto.
Esse também foi um dos temas citados por Ilan Goldfajn, que se despediu do Banco Central nesta quarta-feira (13). Ele esteve à frente das negociações com o Palácio do Planalto e lideranças no Congresso, mas deixa o cargo sem a aprovação da proposta em seu currículo.
“É necessário tornar a atual autonomia de fato em uma autonomia da lei. Seria um passo natural e contribuiria para reduzir o risco Brasil e elevar o crescimento de forma sustentável.”
O futuro de Ilan é incerto. Ele deve passar a quarentena (seis meses em que não poderá trabalhar no mercado financeiro) em viagens e envolvido em atividades acadêmicas.