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Tecnologia O ódio aos judeus e a interferência russa colocaram em xeque o negócio bilionário do Facebook

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Empresa admitiu falha no seu algorítimo de publicidade. (Foto: Reprodução)

Se os algorítimos do Facebook fossem executivos, o público estaria pedindo suas cabeças neste momento, tal foi a incompetência demonstrada na semana passada. Primeiro, a empresa admitiu uma falha no seu algorítimo de publicidade – a fórmula com as regras que regem o sistema. Ele permitiu oferecer propaganda para consumidores antissemitas.

Então, na quinta-feira (21), Mark Zuckerberg, seu fundador e presidente, disse que estava entregando a investigadores americanos informações sobre 3 mil anúncios de conteúdo político comprados por grupos com ligações com o governo da Rússia.

Eles foram identificados em uma investigação interna e exibidos ao público americano por um período de dois anos, até maio de 2017. Não apoiavam uma figura específica. Em vez disso, tratavam de assuntos como imigração, raça e igualdade de direitos.

Uma conduta indevida, você pode dizer – mas não dá para demitir um algorítimo. Além disso, ele estava apenas cumprindo ordens. “Os algorítimos estão fazendo exatamente o que foram criados para fazer”, diz Siva Vaidhyanathan, professor de Estudos de Mídia da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos.

É isso que torna essa crise tão difícil de resolver – uma crise que atinge diretamente o núcleo do negócio da maior rede social do mundo. O Facebook não construiu seu enorme serviço de publicidade obtendo contratos com grandes empresas. Seu sucesso está nos negócios menores: o florista que deseja entrar em contato com os adolescentes que estão organizado a festa de formatura, ou o encanador que acabou de se mudar para uma nova área e precisa anunciar seu trabalho.

Seu incrível lucro de US$ 3,9 bilhões (R$ 12,2 bilhões) entre abril e junho deste ano são por causa de um processo automatizado. Ele identifica o que o usuário quer, encontra anunciantes que desejam atender esse interesse, coloca os dois em contato e leva sua parte por isso. Nenhum humano é necessário no processo.

Mas, infelizmente, a falta de supervisão deixou a companhia vulnerável ao tipo de abuso que a investigação da ProPublica mostrou sobre os anúncios antissemitas. A agência de notícias mostrou que anunciantes podiam escolher falar com 2,3 mil pessoas que expressavam interesse em tópicos como “ódio aos judeus”, “como queimar judeus” ou “história de ‘por que os judeus arruínam o mundo’”.

“O algorítimo do Facebook criou as categorias antissemitas. É um sinal de quão absurdo um sistema sem a participação de humanos pode ser, e como isso pode ser perigoso”, diz Vaidhyanathan, que é autor de “Anti-Social Network” (Anti-Rede Social), um livro sobre o Facebook previsto para ser publicado até o fim deste ano.

Esse sistema vai se tornar um pouco menos automatizado no futuro, explicou Zuckerberg em um comunicado de nove minutos. Visivelmente desconfortável, ele veio a público dizer que sua empresa incluirá humanos no processo para prevenir abusos políticos da plataforma e identificará claramente campanhas políticas e seus financiadores.

No dia anterior, o diretor de operações do Facebook já havia declarado que mais pessoas estariam dedicadas a resolver a questão antissemita. “Mas o Facebook não é capaz de contratar pessoas suficiente para vender anúncios para outras pessoas em uma escala assim”, argumenta Vaidhyanathan. “É a própria ideia do Facebook que é o problema.”

Mark Zuckerberg está em águas nunca antes navegadas. Como o “líder” (como ele diz às vezes) da maior comunidade já criada, ele não tem a quem pedir conselhos ou onde buscar precedentes.

Isso ficou evidente em 10 de novembro, um dia depois de Donald Trump ser eleito presidente dos Estados Unidos. Quando questionado se as notícias falsas tinham afetado a votação, Zuckerberg rapidamente negou a hipótese e a considerou uma “ideia maluca”. Essa frase acabou se provando a maior trapalhada dele como presidente do Facebook.

Sua inocência sobre o poder de sua empresa gerou uma grande reação negativa – interna e externamente – e uma investigação sobre o impacto das notícias falsas e outros abusos digitais foi criada. Na quinta-feira, o executivo de 33 anos se encontrava ele próprio admitindo não apenas um abuso com efeitos sobre a eleição, sem ter feito muita coisa para impedir que isso ocorresse.

“Gostaria de dizer a vocês que vamos acabar com todo tipo de interferência, mas isso não é realista. Sempre haverá pessoas ruins no mundo, e não podemos nos precaver de todas as interferências de todos os governos do mundo”, disse. Uma reviravolta na sua posição em dez meses. “Parece que ele está basicamente admitindo que não tem controle sobre o sistema que construiu”, afirma Vaidhyanathan.

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https://www.osul.com.br/o-odio-aos-judeus-e-a-interferencia-russa-colocaram-em-xeque-o-negocio-bilionario-do-facebook/ O ódio aos judeus e a interferência russa colocaram em xeque o negócio bilionário do Facebook 2017-09-24
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