Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 28 de maio de 2020
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta quinta-feira (28) que as declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre a atuação do STF (Supremo Tribunal Federal) e da PF (Polícia Federal) no chamado inquérito sobre fake news “só criam um ambiente de maior radicalismo entre as instituições”. A declaração de Maia foi dada em entrevista ao programa da jornalista Cidinha Campos na Rádio Tupi.
Bolsonaro afirmou que “ordens absurdas não se cumprem” e que a operação de quarta-feira (27) foi a última deste tipo. Para Rodrigo Maia, Bolsonaro tem direito de criticar a operação, mas decisões judiciais têm que ser cumpridas e respeitadas. “A gente não pode ser a favor de uma decisão do Judiciário porque é um adversário nosso, e ser contra quando acontece com um aliado. As nossas leis precisam ser respeitadas”, disse.
Rodrigo Maia voltou a defender a investigação que apura a rede de fake news e afirmou que esse movimento busca criar uma narrativa contra as instituições democráticas.
“É um problema no Brasil e no mundo, que tem interferido no processo eleitoral. [Muitas dessas redes de fake news] estão vinculadas em apoiamento ao presidente. Eu sei porque sou vítima e elas vêm no intuito de ampliar e criar um ambiente e uma narrativa da sociedade contra as intuições democráticas. São narrativas falsas que precisam ter uma resposta do Judiciário e uma lei que responsabilize as plataformas”, criticou Maia.
Ele disse que foi “muito ruim” a reação de Bolsonaro à operação determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, contra suspeitos de financiar e integrar uma rede de produção e distribuição de fake news.
“Qualquer frase mal colocada vai esgarçando e estressando as relações. É preciso voltar ao caminho do diálogo e do respeito institucional. Não podemos sinalizar para a sociedade e para os investidores que há o risco de o governo não respeitar uma decisão judicial”, disse Maia.
“É bom deixar claro que a democracia é o valor mais importante do nosso país, e as instituições precisam ser respeitadas sempre”, disse Maia.
Maia também afirmou que não acredita que a ordem democrática sofra algum tipo de ruptura institucional e criticou a declaração do filho do presidente, o deputado Eduardo Bolsonaro, que afirmou que não seria uma questão de se, mas quando ocorreria uma ruptura. Segundo Maia, os partidos podem encaminhar o deputado ao Conselho de Ética se entenderem que Eduardo Bolsonaro cometeu algum crime.
“É muito grave (a declaração), mas vamos continuar trabalhando para que as instituições trabalhem de forma independente e tentando ao máximo o diálogo e a harmonia”, afirmou Rodrigo Maia. As informações são da Agência Câmara de Notícias.