Quinta-feira, 25 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 4 de dezembro de 2020
A distribuição das vacinas contra a covid-19 não eliminará a pandemia, advertiu a Organização Mundial da Saúde (OMS), nesta sexta-feira (4). “As vacinas não significam zero covid. Vacinas e [campanhas de] vacinação não resolverão por si só o problema”, explicou o diretor de Emergências da OMS, Michael Ryan.
“Nem todo mundo terá acesso às vacinas no início do ano que vem”, Michael Ryan, diretor de Emergências da OMS.
O Reino Unido se tornou na quarta-feira (2), o primeiro país ocidental a aprovar o uso de uma vacina contra a pandemia.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, explicou que o progresso vivido nesse ano no campo das vacinas “nos dá tranquilidade, podemos começar a ver uma luz no fim do túnel”.
“Mas a OMS está preocupada diante da crescente percepção de que a pandemia acabou”, alertou.
“A verdade é que nesses momentos, muitos países estão sofrendo uma alta transmissão do vírus, o que impões uma enorme pressão nos hospitais, nos cuidados intensivos (UTIs) e aos profissionais da saúde”, completou.
Pobres
Em outro evento, a cúpula virtual da ONU sobre a pandemia do coronavírus, o diretor-geral da OMS alertou para a preocupação com a imunização dos mais pobres.
“Simplesmente não podemos aceitar um mundo no qual os pobres e marginalizados sejam pisoteados pelos ricos e poderosos na corrida pelas vacinas”, ressaltou Tedros.
“Esta é uma crise global e as soluções devem ser compartilhadas equitativamente como bens públicos globais. Não como matérias-primas privadas que aumentam as desigualdades e se tornam mais um motivo pelo qual algumas pessoas são deixadas para trás”, disse.
O diretor da OMS também alertou que o mundo tem muitos outros desafios. “Não existe vacina contra a pobreza, não existe vacina contra a fome. Não existe vacina contra a desigualdade. Não existe vacina contra as mudanças climáticas”, afirmou.
Tedros, um médico e diplomata etíope, elogiou os países por fornecerem vacinas, testes e tratamentos gratuitos para a doença, mas questionou o motivo de não haver esforços semelhantes com outras doenças já existentes, como câncer, tuberculose ou HIV/AIDS, ou para necessidades como cuidados maternos.
“A pandemia apenas ressaltou por que a cobertura universal de saúde é tão importante”, finalizou.