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Lenio Streck O Rio Grande e seu falso isentismo… no futebol!

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Só porque um jornalista não gosta de um time não lhe dá o direito de ignorar dados objetivos do mundo. (Foto: Reprodução)

Eu era Promotor de Justiça em Itaqui e ouvi na Rádio local um comentário sobre o meio-campista Zé Carlos (acho que esse era o nome), no intervalo do clássico 38, derby entre o E. C. 24 de Maio e 14 de Julho F.C.

Disse o comentarista, que bem poderia ser scholar nos esportes de hoje: Zé Carlos sabe tudo de bola, chuta bem, lança, sabe se colocar, mas não é um bom jogador.

Bingo. Assim leio as notas atribuídas pelo jornalista Cristiano Munari, do jornal Zero Hora, aos jogadores do Grêmio. Lembro que, quando Grohe fez aquela defesa contra o Barcelona de Guayaquil, sua nota foi menos de 9. Escrevi, à época: o que mais Grohe devia ter feito?

Bem, o Grêmio bateu o Vasco. Média atribuída ao time: 6,999. ou seja, o Grêmio fez tudo, chutou, lançou, mas… não jogou bem. E eu vou estocar comida. Assim é dureza. Umas aulas de filosofia para essa gente. Vamos tratar de conceitos como racionalidade, razoabilidade, coerência, tudo para que parte da imprensa não seja solipsista (viciada em si mesmo – em alemão se diz Selbstsüchtiger).

Grêmio vence o São Paulo na Arena. Incrível. O time não alcançou média 7. Chumbou. Depois o Grêmio vai jogar no Morumbi e se classifica. Média: menos de 6,4. Sim, o time do Grêmio. Chumbou de novo. Isso é grave. Não passou por média. Time ruim.

Afinal, o que um time precisa fazer para que o jornalista-analista atribua nota acima de 7? Quando alguém recebe nota 10? Qual é o critério?

Será que o analista encarregado de atribuir nota o faz por “íntima convicção”? Bom, íntima convicção é coisa de jurado. Por isso ocorrem absolvições esquisitas, como por “legitima defesa da honra”. Quando Promotor de Justiça, tinha de fazer das tripas o coração para convencer os jurados de que a honra não está no meio das pernas.

Íntima convicção? Isso é a praga da modernidade. É a vulgata do subjetivismo. Pode-se chamar também de solipsismo.

Pronto. Não há melhor definição para quem julga ou para quem atribui conceitos (ou notas) por “sua intima convicção” ou “por meio de sua convicção pessoal” ou “a partir de sua consciência”.

Ora, se a consciência tivesse uma consciência…ela sairia correndo. Vai saber o que se passa no íntimo das pessoas.

Por isso, diz-se na filosofia que não existe linguagem privada. Neste ponto é bom lermos Wittgenstein. Não, não é proibido que jornalistas, políticos e quejandos leiam um pouco de filosofia. No direito, por exemplo, é muito comum se dizer “eu entendo assim por minha convicção”. E se a sua convicção for contra dados objetivos do mundo?

Por exemplo, de Marcelo Grohe fez a defesa mais importante dos últimos tempos e o time do Grêmio venceu, os elementos objetivos dão conta de que sua nota é dez. Nota dez.

E se o Grêmio se classificou contra o grande time do São Paulo, com todos os problemas do jogo viril (estou sendo eufemista) de jogadores como Dani Alves (a quem é proibido dar cartão), então o time do Grêmio merece, na média, a nota 9.

Critérios. Sim, precisamos de critérios. Só porque um jornalista não gosta de um time não lhe dá o direito de ignorar dados objetivos do mundo. Solipsismo ludopédico: eis a nova ciência.

Precisamos mudar o júri, fazendo como na Espanha, em que os jurados têm de fundamentar seu voto. Precisamos mudar algumas coisas no futebol, em que, por exemplo, notas atribuídas aos jogadores precisam de accountabillity (prestação de contas, isto é, justificativas racionais).

Saludos e Feliz 2021! Com critérios e com vacinas. Espero que esta coluna mereça nota acima de 7!

 

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