A junta militar, no entanto, ignora as múltiplas críticas internacionais.
Os militares elevaram o tom após um fim de semana de violência, advertindo que os manifestantes se arriscam a morrer, o que não desencorajou os protestos nas ruas do país nessa segunda-feira.
“Estamos assistindo ao enfraquecimento da democracia, o uso da força bruta, as detenções arbitrárias e a repressão em todas as suas manifestações. A restrições do espaço cívico. A ataques à sociedade civil”, lamentou António Guterres na CDH.
Ele também destacou as “graves violações contra as minorias, das quais ninguém presta contas, como no caso do que foi corretamente chamado de limpeza étnica da população rohingya”.
“E a lista continua”, insistiu, advertindo que “tudo caminha para uma tempestade perfeita de agitação”.
Guterres expressou “pleno apoio ao povo de Minmar em sua busca por democracia, paz, direitos humanos e o Estado de direito”.
Em 12 de fevereiro, o Conselho de Direitos Humanos da ONU aprovou uma resolução na qual solicitava a libertação imediata de Aung San Suu Kyi. China e Rússia, apoios tradicionais do exército birmanês, se distanciaram do consenso depois que o texto foi aprovado.
Em Bruxelas, os ministros das Relações Exteriores da UE analisam a possível adoção de sanções, depois que Estados Unidos, Reino Unido e Canadá tomaram decisões neste sentido.
Greve geral
Caixas de banco, cozinheiros, trabalhadores de mercearia e centenas de milhares de outras pessoas em Mianmar responderam a um chamado para uma greve geral nessa segunda, para protestar contra o golpe militar, levando cidades à paralisação apesar do medo de uma violenta repressão.
A demonstração de desafio foi a maior e mais coordenada desde que os militares tomaram o poder em 1º de fevereiro e teve como pano de fundo os avisos oficiais de repressão. Os manifestantes esperavam enviar um sinal de que não aceitarão o regime militar e estão dispostos a paralisar a economia e arriscar a morte para alcançar a democracia.
Os assassinatos de manifestantes “podem acontecer a qualquer momento em Yangon, mas temos que continuar fazendo o que devemos fazer, mesmo se os soldados estiverem prontos para atirar em nós”, disse Thura Zaw, uma moradora de 32 anos. “Sob a ditadura militar, ninguém está seguro, quer você vá para a rua ou fique em casa, então optamos por expressar nossa objeção em vez de ficar em silêncio.”
A resistência vem crescendo desde que as forças armadas depuseram o governo eleito de Mianmar, há três semanas, devolvendo o país ao regime militar após uma experiência quase democrática de uma década. Desde então, os militares detiveram mais de 400 pessoas, incluindo a líder civil Aung San Suu Kyi e o presidente — agora deposto — Win Myint, acusando-os de pequenas infrações para mantê-los presos. O golpe foi condenado pela comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, que impôs algumas sanções.