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| O uso dos dados de usuários do Facebook por consultorias políticas teve um “papel crucial” na votação a favor da saída do Reino Unido da União Europeia

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Wylie já havia revelado que a empresa acessou dados de 50 milhões de usuários do Facebook para construir perfis eleitorais. (Foto: Reprodução)

O escândalo sobre uso dos dados de usuários do Facebook por consultorias políticas ganhou um novo capítulo com o depoimento do delator da irregularidade, Christopher Wylie, ao Parlamento britânico, confirmando que a CA (Cambridge Analytica) teve um “papel crucial” na votação a favor da saída do Reino Unido da UE (União Europeia), o Brexit. Segundo o ex-diretor de pesquisa da consultoria de análise de dados, sem o estratagema ilegal, a campanha do Brexit não teria conseguido ganhar o referendo, decidido por menos de dois pontos percentuais dos votos. Wylie – que já havia revelado que a empresa acessou dados de 50 milhões de usuários do Facebook para construir perfis eleitorais em nome da campanha de Donald Trump – afirmou ainda que a AggregateIQ (AIQ), braço da Cambridge Analytica no Canadá, criou um software chamado Ripon para fazer um perfil dos eleitores americanos.

“Em linhas gerais, esta é uma empresa que percorre o mundo e enfraquece instituições democráticas de países que estão lutando para desenvolver essas instituições. Eles são um exemplo de o que é o colonialismo moderno”, afirmou o cofundador da Cambridge Analytica, após ser perguntado se os britânicos teriam aprovado o Brexit sem ela. “Pode-se dizer razoavelmente que o resultado do referendo teria sido diferente se ela não tivesse produzido o que, a meu ver, são armadilhas. Isso me deixa com muita raiva, porque muitas pessoas apoiavam a saída (da UE) porque acreditam na aplicação da lei britânica e na soberania britânica.”

Em seu depoimento à Comissão de Assuntos Digitais, Cultura, Mídias e Esportes do Parlamento britânico, Wylie revelou como, por meio de sua matriz, o Grupo SCL (Strategic Communications Laboratories), a Cambridge Analytica criou uma operação no Canadá em associação com a AggregateIQ. As duas – CA e AIQ – tiveram papel fundamental no referendo do Brexit, trabalhando cada uma com uma campanha pela saída do Reino Unido da UE: Leave.EU (“Saia da UE”) e Vote Leave (“Vote Sair”), respectivamente.

Ameaças de processo 

Além disso, para burlar as normas de campanha do referendo – que limitavam os gastos da Vote Leave a 7 milhões de euros – a empresa doou  625 mil euros (cerca de 888 mil dólares) ao BeLeave, também partidário do Brexit, e depois enviou o dinheiro diretamente à AggregateIQ. A informação foi confirmada por Shahmir Sanni, dirigente do grupo estudantil e partidário ferrenho do Brexit.

A AggregateIQ – que orientou propaganda política a favor da saída do Reino Unido a até 7 milhões de eleitores durante a campanha – também foi responsável pela criação do Ripon, software usado para identificar eleitores republicanos antes da eleição americana, em 2016. A ferramenta permitia que os diretores de campanha de candidatos republicanos criassem uma base de dados para atingir eleitores específicos, além de indicar o teor das propagandas políticas.

Um dos deputados confrontou Wylie e questionou os motivos que o levaram a denunciar as práticas da CA, afirmando que sentia que o ex-funcionário estava “zangado com a empresa”. Apesar do tom absolutamente tranquilo com que falou durante as quatro horas de depoimento, o canadense respondeu que sua demora em denunciar o envolvimento da companhia nas campanhas eleitorais no Reino Unido e nos EUA tinha sido causada por medo de retaliações, já que havia firmado acordo de confidencialidade com a CA.

“Não denunciei tudo antes porque ameaçaram me processar”, afirmou.

Wylie disse, ainda, que descobriu há algumas semanas que seu antecessor, o romeno Dan Muresan, havia morrido num hotel queniano em circunstâncias não esclarecidas. Segundo ele, Muresan trabalhava para um político, mas o acordo entre eles tinha dado errado, o que teria culminado com o envenenamento do romeno num quarto de hotel. Segundo Wylie, que não tinha provas do caso, a polícia cedeu a suborno e não entrou no hotel nas 24 horas seguintes.

“As pessoas suspeitavam de um envenenamento”, declarou aos membros da comissão parlamentar britânica. “Na política queniana, se algo dá errado, alguém paga por isso.”

Duas semanas para resposta

A Comissão Europeia deus duas semanas ao Facebook para que responda sobre a utilização de dados privados de seus usuários com fins políticos por parte da Cambridge Analytica. O órgão executivo da UE também pergunta à rede social quais as medidas que pensa adotar para evitar casos similares no futuro, segundo uma carta enviada pela comissária europeia de Justiça, Vera Jourova.

 

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