Quarta-feira, 14 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 13 de agosto de 2021
Nesta sexta-feira (13), teve início a segunda fase do Open Banking no Brasil, inicialmente marcada para começar em 15 de julho. O Banco Central (BC) adiou a etapa em cerca de um mês a fim de dar mais tempo para as instituições participantes terminarem de se preparar para iniciar as operações de forma mais segura.
Desde esta sexta, o consumidor começa a ter mais contato com as possibilidades que o Open Banking deve trazer para o mercado brasileiro. De forma geral, os consumidores poderão compartilhar seus dados cadastrais (como nome e CPF), transacionais (como extratos) e informações sobre cartões e operações de crédito.
Entre os diversos efeitos que se espera com a chegada desse novo ecossistema no Brasil está a geração de empregos e novas vagas de trabalho, principalmente no setor de tecnologia.
Isso porque para colocar o Open Banking em funcionamento, bancos, fintechs e diversas instituições participantes estão investindo na área, ajustes de processos em nuvem e transformações na infraestrutura tecnológica para que as informações circulem de forma eficiente, monitorada e segura. Afinal, tudo será online.
E para que tudo funcione as instituições estão buscando aumentar suas equipes de diferentes formas para dar conta da demanda.
Escassez de profissionais
Desde o ano passado, o setor de tecnologia vem ganhando destaque: com a pandemia, a digitalização e a inovação incentivaram muitas contratações. Agora com o Open Banking, a tendência é que o mercado continue aquecido. Porém, o consenso dos recrutadores é de que o setor de tecnologia como um todo vem sofrendo com a escassez de profissionais qualificados.
Para ter uma ideia do boom: em 2020, o número de vagas abertas na área de tecnologia cresceu 310%, de acordo com um estudo da GeekHunter, empresa de recrutamento especializada na contratação de profissionais de tecnologia.
Por outro lado, um estudo da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom) mostra que entre 2019 e 2024 o país deve ter déficit de 260 mil profissionais da área de tecnologia por falta de mão de obra qualificada.
“A reclamação é geral. Conheço muita gente (do setor financeiro). Eles me ligam dizendo: ‘Preciso urgente de um cara de segurança cibernética’, por exemplo. Não tem. Não é que não tenha o cara bom. Simplesmente não tem”, afirma Leandro Villain, diretor de inovação, produtos e serviços da Febraban.
Jayme Chataque, superintendente executivo de Tecnologia e Operações do Santander Brasil também observa a dificuldade na contratação na área de tecnologia. “Faltam profissionais no mercado quando pensamos na qualificação de novas ferramentas tecnológicas considerando as inovações recentes e no âmbito do Open Banking”, afirma.
Vilain acredita que o Brasil vai sofrer um apagão tecnológico por falta de formação de mão-de-obra na área, e o problema deve afetar não só os bancos, mas também as fintechs.
“Outro dia estava numa reunião na Febraban, falando de segurança cibernética. Eram representantes de uns dez bancos. Somados ali a gente tinha mais de 200 vagas abertas para segurança cibernética, mas não tem gente. É frustrante: temos as vagas, mas não temos como contratar”, ressalta o executivo da Febraban.
Demanda alta
No Itaú, por exemplo, a demanda é forte para a contratação de profissionais de tecnologia. Parte dela decorrente do Open Banking, mas envolve outros fatores, como o estudo de tecnologias emergentes que podem ser utilizadas no futuro, segundo Thiago Charnet, diretor de tecnologia do banco.
Só no ano passado, o Itaú contratou mais de 3,7 mil pessoas de tecnologia, sendo quase 300 delas cientistas de dados. Atualmente, são mais de 2 mil vagas em tecnologia, em todos os tipos de senioridade e especialidades.
Qualificação interna
Diante da carência de profissionais no mercado, uma alternativa vem sendo praticada: qualificar a mão-de-obra própria. O Itaú tem investido em treinamentos e cursos dentro da área para capacitar as equipes que já trabalham diretamente com áreas correlacionadas, explica o executivo do Itaú.
Cristina Pinna, superintendente executiva do Bradesco, afirma que devido à escassez de profissionais, o banco está trabalhando o upskilling das competências que vê necessidade em todos os times e se necessário faz a migração de área do profissional.
No Banco do Brasil, por ser uma sociedade de economia mista controlada pelo governo federal, as contratações só acontecem por meio de concursos públicos. Inclusive, o banco abriu um novo concurso no início de julho e será o maior processo seletivo na história do País, segundo a Fundação Cesgranrio, que organiza o concurso.
“O cenário é: mercado super aquecido, e nossas janelas de entradas de novos profissionais são específicas. Precisamos formar as pessoas dentro de casa. Cerca de 30 mil funcionários já fizeram o curso sobre Open Banking, não só na área de tecnologia”, explica Karen Machado, gerente executiva de Open Banking no Banco do Brasil.