Segunda-feira, 29 de abril de 2024

Porto Alegre
Porto Alegre, BR
19°
Partly Cloudy

CADASTRE-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER

Receba gratuitamente as principais notícias do dia no seu E-mail ou WhatsApp.
cadastre-se aqui

RECEBA NOSSA NEWSLETTER
GRATUITAMENTE

cadastre-se aqui

Colunistas Ousadia de celerados

Compartilhe esta notícia:

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

A execução da vereadora Marielle Franco(PSOL) é um desses episódios que nos envergonham e degradam. No Rio de Janeiro convulsionado não chega a constituir novidade ou surpresa.
No dia anterior, mataram mais um PM do Rio. Em um ano foram 140. Mas quem liga para a morte de policiais que, aos olhos de jornalistas, ONGs, artistas globais, intelectuais e professores da Universidade, são os verdadeiros bandidos? Meio mundo, para quem os bandidos – traficantes, latrocidas, estupradores, gângsteres das vilas e comunidades – são os oprimidos, protagonistas potenciais da insurreição social e do poder popular? Não, bandido bom não é bandido morto. Mas sim, policial bom é policial morto.
É como se policiais não morassem nos mesmos bairros pobres e distantes, como se não fossem eles mesmos negros e pardos, como se tivessem escolhido o ofício por uma insuperável vocação para a maldade e, no limite, para o homicídio.
E no dia seguinte, um homem foi atingido durante um assalto, na frente de sua casa no bairro de Cachambi, e morreu baleado, diante dos olhos e do desespero do seu filho de cinco anos.
No último ano 6.371 infelizes habitantes do Rio de Janeiro morreram de morte matada. E deles, pouco se ouviu falar, a não ser assim, como números e indicadores. Lembra Stalin em outro contexto: “A morte de uma pessoa é uma tragédia; a de milhares, uma estatística”.
A morte trágica de Marielle logo se espalhou como uma língua de fogo pelo Rio de Janeiro, fevereiro e março, pelo Brasil e pelo mundo, porque ela era mulher, negra, bissexual, vereadora e ativista dos direitos humanos.
Em tais horas dramáticas e de comoção, nunca faltam vozes que torcem os fatos, inventam conspirações improváveis, botam a culpa em quem lhes parece conveniente, e dão inestimável contribuição para o sanatório geral. Assim, a trágica ocorrência, ao invés de trazer luz à questão de fundo, de mudar atitudes e condutas, se perde nas sombras da indignação inútil. Como Chacrinha, nada vem para explicar, mas para confundir. A versão final será aquela que confirme a crença de quem a elabora, sua visão de sociedade, de política e de mundo.
Não é o fato, o contexto, os seus desdobramentos que contam, mas que valor simbólico será atribuído ao cadáver. Assim, à direita, se diz que Marielle colheu o que plantou, porque no seu mandato e atividade política, pouco fez que não fosse afagar a cabeça de bandidos e denunciar a brutalidade policial. Pela esquerda, ao invés, ela perdeu a vida exatamente pela sua luta e coragem na defesa dos mais pobres e desvalidos.
O presidente Michel Temer fez o melhor, na circunstância. Contido, sóbrio, como é do seu estilo, lamentou o acontecimento infausto, prometeu empenho na solução do assassinato, e realçou a condição de Marielle de vereadora, representante popular. Mais do que uma voz, o atentado pretende calar um poder, degradar a cidadania e esmagar o Estado.
Sejam os assassinos membros das milícias locais, da banda podre da polícia e ou do crime organizado, chegou ao ponto culminante a ousadia dos celerados.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Compartilhe esta notícia:

Voltar Todas de Colunistas

Expulso de Passo Fundo, Lula critica quem obstruiu estrada: “São fascistas, não são democratas”
LULA 2018!
https://www.osul.com.br/ousadia-de-celerados/ Ousadia de celerados 2018-03-24
Deixe seu comentário
Pode te interessar