Segunda-feira, 18 de agosto de 2025
Por Redação O Sul | 24 de abril de 2023
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, já trabalha com uma segunda opção de indicação à presidência da CPMI dos Atos Golpistas, caso o nome do deputado André Fernandes (PL-CE), que é o autor do requerimento, seja judicializado por governistas. Neste caso, o ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL-RJ) será o escolhido, confirma o presidente nacional da legenda, Valdemar da Costa Neto.
Fernandes está entre os investigados no Supremo Tribunal Federal (STF) no inquérito que apura os autores políticos e intelectuais por trás dos ataques. Ele divulgou os atos com dois dias de antecedência e ironizou a invasão às sedes dos Três Poderes. Já os governistas querem usar CPMI para convocar Bolsonaro e disputam relatoria com grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Visto como um “bolsonarista com conhecimento técnico” e bom trânsito entre as diferentes alas do PL – e até mesmo entre os governistas – Ramagem foi o primeiro parlamentar a encaminhar um pedido para integrar a CPMI ao líder do partido, Altineu Côrtes. Entretanto, a ideia do partido é só mudar os planos de ter Fernandes na presidência da CPMI, caso exista uma ordem judicial para tal. A terceira vaga será do filho “03” de Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Ele venceu a resistência de caciques do partido que apostavam em Nikolas Ferreira (PL-MG).
O filho do ex-presidente chegou a ter o pedido negado pelo líder do partido na Câmara, Altineu Côrtes. A alta cúpula do partido avaliava que Eduardo Bolsonaro seria “vidraça” para os governistas que tentarão associar os atos do dia 8 ao bolsonarismo. Entretanto, diante de um telefonema feito diretamente pelo ex-presidente, Altineu e o presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, aceitaram que o deputado integre o grupo.
Caberá a Eduardo bater na tecla de que os valores da família não podem ser confundidos com os dos manifestantes extremistas que invadiram as sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro. Parlamentares de oposição irão creditar os atos de vandalismo à suposta conivência dos governistas e citarão a suposta omissão do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, desligado do posto após a veiculação de imagens que o mostraram dialogando com invasores de sedes do poder.
No que diz respeito às indicações do Senado, o PL escalou Jorge Seif (PL-SC) e Magno Malta (PL-ES) para a função. Favorito para o time, Carlos Portinho (PL-RJ) está licenciado por questões médicas e ainda não se sabe quando voltará aos trabalhos.
Convocação
A base do governo, que quer mirar em Bolsonaro e não descarta convocá-lo para depor, tem o desejo de que o senador Renan Calheiros (MDB-AL) seja o relator. Por outro lado, parlamentares do “blocão” do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), tentam fazer com que o deputado André Fufuca (PP-MA) exerça a função.
A relatoria da CPI mista é um posto estratégico porque cabe ao parlamentar que exerce a função definir os rumos do colegiado. Entre as funções estão elaborar o plano de trabalho, que trará a previsão de pessoas que serão convocadas e convidadas e as linhas de investigação que a comissão pretende mirar. Parlamentares governistas não escondem o desejo de convocar Bolsonaro.
O deputado Rogério Correia (PT-MG), que chegou a apresentar um pedido de CPI sobre o mesmo tema na Câmara, disse que o ex-presidente é “o principal interessado e articulador” dos ataques.
“8 de janeiro foi uma tentativa de golpe articulada pela ultra direita após a derrota eleitoral. Desde a tentativa de impedir a diplomação, com ataques inclusive à sede da PF em Brasília, a minuta do golpe para depor o TSE e as concentrações consentidas por generais golpistas nos quartéis. O principal interessado e articulador foi Bolsonaro. Terá de depor na CPMI”, disse o petista.