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Por Redação O Sul | 7 de fevereiro de 2018
A Petrobras trabalha no desenvolvimento de uma tecnologia pioneira para produzir biodiesel a partir de microalgas. O biodiesel é uma alternativa aos combustíveis derivados do petróleo, que pode ser usada em veículos com motores a diesel.
Em entrevista à Agência Brasil, a gerente de biotecnologia do Cenpes (Centro de Pesquisas da Petrobras), Juliana Vaz, ressaltou o pioneirismo do projeto que, na sua avaliação, “vai contribuir para a construção de um futuro mais sustentável. É um projeto de vanguarda, pioneiro no Brasil e que logo vai estar à disposição de todos”, disse.
Fabricado a partir de fontes renováveis (entre elas óleo de soja, gordura animal e óleo de algodão) ou do sebo de animais, o biocombustível emite menos poluentes do que o diesel. Do processo biológico das microalgas é produzida uma biomassa usada para se extrair o óleo, que será matéria-prima para a produção do biocombustível.
A estatal almeja chegar a produzir o combustível feito a partir da microalga em escala comercial. “O biodiesel produzido já foi submetido a testes de qualificação em laboratório, sob os padrões da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, e os resultados preliminares mostraram ser promissores”, revelou Juliana.
As microalgas têm como principal vantagem o fato de não terem sazonalidade (períodos de safra) e não dependerem de condições específicas – de solo, por exemplo – para a sua produção. A sua fabricação possibilita colheitas quase que semanais, com uma produtividade até 40 vezes maior do que a da biomassa feita de vegetais terrestres. “As microalgas têm uma produtividade muito maior do que a soja e a cana”, afirmou a pesquisadora.
Benefícios para o meio ambiente
A produção a partir da microalga traz ainda vantagens ecológicas, já que contribui para a redução de CO2 (gás carbônico), um dos geradores do efeito estufa, que causa o aquecimento global, uma das maiores preocupações atuais com o meio ambiente.
Cada tonelada de microalgas usadas para a produção de biodiesel pode retirar até 2,5 toneladas de gás carbônico do ar, taxa “muito maior que a de outros vegetais normalmente utilizados para a produção de biodiesel, seja a soja ou da cana-de-açúcar”, declarou Juliana, ressaltando que esse gás carbônico ainda será aproveitado para a produção de um substituto dos combustíveis fósseis.
Ainda dentro do contexto de maximizar a tecnologia, também está em estudo a possibilidade de cultivar microalgas em águas oriundas da produção de petróleo, contribuindo no tratamento dessa água para descarte ou para reúso. “As microalgas utilizam as substâncias presentes na água de produção, como nitrogênio e fósforo, como insumos para a conversão em biomassa”, explicou a pesquisadora.