Sexta-feira, 20 de junho de 2025
Por Redação O Sul | 19 de junho de 2025
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a alta na cotação do petróleo é recente e a companhia “não vai fazer nada” por enquanto em relação aos preços dos combustíveis no país.
A estatal vem operando com elevadas defasagens nos últimos dias, principalmente no preço do diesel, provocadas pela escalada no mercado internacional com a guerra no Oriente Médio.
“O cenário de petróleo alto tem cinco dias, é bem recente”, afirmou Magda em entrevista para celebrar um ano à frente da empresa. “Quando a gente fala de preços do diesel e preço da gasolina, a gente não faz nenhum movimento abrupto.”
A cotação do petróleo Brent, referência internacional negociada em Londres, subiu cerca de US$ 10 por barril na última semana, com temores de que a escalada do conflito entre Israel e o Irã afete o suprimento global.
A alta ocorre logo após uma sequência de cortes no diesel nas refinarias da estatal, que acompanhava queda no mercado provocada pela guerra tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O preço da gasolina também foi reduzido recentemente.
Na abertura do mercado da quarta-feira (18), véspera do feriado dessa quinta-feira, o preço do diesel nas refinarias da Petrobras estava 17% ou R$ 0,55 por litro, abaixo da paridade de importação medida pela Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis).
No caso da gasolina, a defasagem era de 6%, ou R$ 0,16 por litro.
“Com cinco dias [de alta do petróleo], a gente não vai fazer nada”, reforçou Magda. “A gente só faz movimento quando enxerga uma tendência. A gente não quer trazer para o Brasil a volatilidade e a instabilidade em termos de preços.”
O diretor de Logística, Comercialização e Mercados da Petrobras, Claudio Schlosser, disse que a empresa importa petróleo leve da Arábia Saudita e poderia sofrer impactos de eventual -mas improvável, na sua opinião -fechamento do Estreito de Ormuz.
Ele afirmou, porém, que há alternativas de suprimento do produto, que é usado para a fabricação de lubrificantes na Refinaria de Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Efeitos do conflito
Os preços do petróleo subiram quase 3% nessa quinta, com a escalada da guerra aérea entre Israel e Irã, que já dura uma semana, e com a incerteza sobre o possível envolvimento dos EUA, que manteve os investidores nervosos.
Os contratos futuros do petróleo Brent subiram US$2,15, ou 2,8%, para US$78,85 por barril, seu maior fechamento desde 22 de janeiro. O petróleo bruto U.S. West Texas Intermediate para julho subia US$2,06, ou 2,7%, para US$77,20 às 14h30 (horário de Brasília).
Israel bombardeou alvos nucleares no Irã nessa quinta, que disparou em contra-ataque mísseis e drones depois de atingir um hospital israelense durante a noite.
Não houve sinal de uma estratégia de saída de nenhum dos lados, com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmando que os “tiranos” de Teerã pagariam o “preço total” e o Irã alertando contra a participação de “terceiros” nos ataques.
A Casa Branca informou que o presidente Donald Trump decidirá se os EUA se envolverão no conflito entre Israel e Irã nas próximas duas semanas. Essa perspectiva fez com que os preços do petróleo subissem ainda mais, disse Rory Johnston, analista e fundador do boletim informativo Commodity Context.