Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 18 de julho de 2020
A Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (DECO), prendeu o piloto de avião Edmur Guimara Bernardes, de 78 anos, em Paranaíba, região nordeste do estado, em desdobramento da operação Ícaro.
O funcionário público, Idevan Silva Oliveira, de 53 anos, que trabalhava no hangar do aeroporto de Paranaíba, também foi detido durante a operação. Os dois já haviam sido presos há pouco mais de 1 ano, suspeitos de forjarem o sequestro do piloto por uma facção criminosa.
As prisões ocorreram após a polícia deter Adevailson Ribeiro, conhecido como “Zóio” no fim do mês passado, no interior de São Paulo. Segundo as investigações, ele disse que o piloto arquitetou todo o plano do sequestro, e que ainda queria ser reconhecido como “herói”.
Segundo Zóio, a simulação ocorreu para que o piloto utilizasse a aeronave para o transporte de integrantes de facção criminosa que fazem tráfico de entorpecente tanto na Bolívia quanto no Paraguai.
À época o piloto alegou ter sido sequestrado por dois homens encapuzados da facção, que o obrigaram a pilotar o avião, um Cessna 282 Skylane, até o Paraguai e depois para a Bolívia, para resgatar uma das lideranças do grupo. Idevan disse que foi rendido e amarrado, só conseguindo se soltar horas depois quando avisou às autoridades.
O piloto contou que foi ao Paraguai e ficou o dia inteiro em uma propriedade rural. Na manhã do dia seguinte, por volta de 06h20, os dois homens que o renderam e um terceiro homem de nacionalidade paraguaia, teriam o obrigado ir a se deslocar a Bolívia. Segundo Edmur, por volta de 14h30, ele aproveitou a distração dos criminosos e conseguiu fugir com aeronave até Cáceres (MT), onde pousou às 17h15.
Contradições
A Delegacia Especializada de Combate ao Crime Organizado (DECO) esteve em Paranaíba com trabalhos que objetivam reproduzir as versões apresentadas pelo vigia e piloto. Os policiais também ouviram testemunhas.
O equipamento de GPS do avião confirma rota parecida apresentada pelo piloto, saindo do Brasil, passando por Paraguai e Bolívia. Porém, de acordo com a polícia, existem contradições. Uma delas é que o piloto e o funcionário público, que trabalhava no hangar, apresentaram versões diferentes das imagens colhidas pelo sistema de câmeras do hangar.
Outro detalhe que causou estranheza entre os policiais é o fato do funcionário público dizer que foi trancado pelos bandidos no banheiro, mas em outra parte do depoimento ele apontou outro local usado pelos criminosos para mantê-lo preso.
Ano passado
O avião modelo Cessna 182 Skylane foi roubado no ano passado em junho do aeroporto municipal de Paranaíba. De acordo com assessoria da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, foi feito refém e levado junto com a aeronave. Uma equipe de perícia esteve no aeroporto da cidade colhendo dados.
Segundo a Polícia Militar, o guarda relatou que dois homens encapuzados chegaram ao local e disseram informações pessoais suas, perguntando se ele preferia que procurassem sua família caso não colaborasse. Um dos homens estava bastante agressivo, segundo a testemunha.
Um dos homens, segundo o vigilante, teria lhe dito que estava lá para roubar o avião de um empresário e que ele não se preocupasse porque o piloto já estava sendo rendido. Ele foi amarrado e colocado dentro do banheiro do aeroporto, de onde viu uma caminhonete chegando com dois ocupantes, de acordo com a polícia. Depois que ouviu o avião decolar, a testemunha conseguiu soltar-se e escapar. A caminhonete, abandonada no local, foi periciada.