Quinta-feira, 08 de maio de 2025
Por Redação O Sul | 26 de junho de 2017
A PF (Polícia Federal) enviou nesta segunda-feira (26) ao STF (Supremo Tribunal Federal) novo relatório da investigação sobre o presidente Michel Temer.
O documento, ainda não disponibilizado pelo STF até a última atualização desta reportagem, contém conclusões dos investigadores sobre suspeitas levantadas contra o presidente a partir da delação da JBS.
Um relatório parcial da PF, sobre corrupção passiva, já havia sido enviado na semana passada, mas a polícia ainda precisava concluir as investigações sobre o crime de obstrução de Justiça.
Isso porque os investigadores queraim concluir a perícia técnica da gravação feita pelo empresário Joesley Batista de uma conversa com Temer.
O laudo apontou que não houve edição no material, conforme argumenta a defesa do presidente.
Entenda o caso
Segundo o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, Temer e o senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG) agiram em conjunto para barrar as investigações da Operação Lava Jato.
Ainda de acordo com o Ministério Público Federal, o presidente deu”anuência” ao repasse de dinheiro, pela JBS, a Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para que o deputado cassado não feche acordo de delação premiada.
Desde que as delações da JBS se tornaram públicas, o presidente tem rebatido todas as acusações e dito que não atuou para beneficiar a JBS e nem teme delação premiada. Além disso, Temer processou Joesley Batista, dono da JBS, por calúnia, injúria e difamação.
Interrogatório
No mês passado, o ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, autorizou a Polícia Federal a interrogar Temer sobre os episódios narrados pelos delatores da JBS. Segundo Fachin, porém, o presidente não era obrigado a responder aos questionamentos.
A PF enviou, ao todo, 82 perguntas ao presidente, mas ele decidiu não responder e pediu o arquivamento do inquérito.
Segundo a defesa de Temer, as perguntas tinham como objetivo “comprometer” o presidente e demonstravam “falta de isenção e de imparcialidade por parte dos investigadores”.
Perícia
O laudo da perícia da Polícia Federal que analisou as gravações da conversa entre o empresário Joesley Batista, dono da empresa JBS, e o presidente Michel Temer e os gravadores usados pelo empresário aponta que não houve edição de conteúdo, ou seja, não houve manipulação nos diálogos.
A informação foi confirmada por duas fontes envolvidas na investigação. A perícia oficial contesta a perícia contratada pela defesa de Michel Temer, do perito Ricardo Molina, que apontou entre 50 e 60 “pontos de obscuridade” e “mascaramentos” na gravação.
Investigadores afirmam que os peritos da Polícia Federal encontraram pontos de descontinuidades técnicas, ou seja, variações no sinal de áudio, provocadas por questões técnicas, sem sinais de fraude ou edição. O laudo acrescenta que as conversas de Joesley com o presidente têm lógica e coerência. De acordo com o laudo da PF um dos dois gravadores que o empresário apresentou à PF foi, de fato, utilizado para registrar a conversa. (AG)