Quinta-feira, 06 de março de 2025
Por Redação O Sul | 16 de julho de 2024
A Polícia Federal (PF) deve intimar a depor o ex-secretário da Receita Federal, José Tostes – que comandou o órgão na gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Tostes foi citado na reunião, gravada pelo então diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem, em que Bolsonaro discute estratégias de defesa do filho, o senador Flávio Bolsonaro, em um processo por “rachadinhas”.
Investigadores classificaram como “grave” a participação do então presidente no encontro com advogadas de Flávio e representantes de órgãos de investigação do governo.
Eles destacam, ainda, que Bolsonaro fala mais de uma vez em usar o cargo para acessar altos funcionários do governo que poderiam ter informações úteis para a defesa.
“O secretário da Receita é um cara muito bom”, diz Ramagem em dado momento da conversa.
“Ninguém está pedindo favor aqui (inaudível). É o caso conversar com o chefe da Receita? O Tostes”, diz Bolsonaro pouco depois.
A Polícia Federal acredita que é possível comprovar a atuação do presidente no favorecimento de Flávio junto a essas autoridades.
Na segunda (15), o portal g1 e o Jornal Nacional, da TV Globo, mostraram que, dias após a reunião no Planalto gravada por Ramagem, as advogadas de Flávio Bolsonaro se reuniram duas vezes com José Tostes.
Em seguida, o então chefe da Receita se reuniu pelo menos outras duas vezes com Bolsonaro. Os registros constam na agenda pública do ex-presidente.
Segundo a PF, a Receita Federal chegou a abrir uma sindicância interna contra os auditores que levantaram os dados que apontavam a prática de “rachadinha” do senador Flávio Bolsonaro.
Na conversa gravada, cujo áudio se tornou público nesta segunda, as advogadas de Flávio acusam auditores de promover levantamentos ilegais para tentar enquadrar o senador em supostos crimes.
Canuto
O ex-chefe da Dataprev, Gustavo Canuto, também deve ser chamado a depor.
Na gravação, as advogadas sugerem que a Serpro poderia apurar se auditores da Receita acessaram dados do senador Flávio Bolsonaro. Ramagem chega a observar que Canuto era de outro órgão, mas poderia ser um caminho para obter dados adicionais.
Reunião
Na segunda, Moraes retirou o sigilo do áudio da reunião de Ramagem, então chefe da Abin e atual deputado federal, com o então presidente Jair Bolsonaro, em 25 de agosto de 2020.
Segundo a PF, a gravação de 1 hora e 8 minutos teria sido feita pelo próprio Ramagem durante encontro com Bolsonaro. A investigação diz que o objetivo da reunião seria discutir estratégias para blindar o senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, do caso das “rachadinhas” (repasse de salário).
Além de Ramagem e Bolsonaro, teriam participado o então ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general Augusto Heleno, e “possivelmente” uma advogada de Flávio.