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Saúde Por falta de doses da vacina BCG, postos de saúde do Brasil são obrigados a racionar estoques

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Apenas 56% do público-alvo foi imunizado em 2022. (Foto: Reprodução)

Desde o final de abril, quando o Ministério da Saúde reduziu o envio de doses da vacina BCG, postos de saúde pelo país precisaram se adaptar e racionar estoques para evitar o desabastecimento. Estratégias como agendamento prévio, dias específicos para a aplicação e oferta do imunizante apenas em determinadas unidades são implementadas em diversos estados do Brasil. As medidas, no entanto, podem intensificar ainda mais a queda da cobertura vacinal, que está no pior percentual já registrado, por volta de 56%, avaliam especialistas.

Para Patrícia Boccolini, doutora em saúde coletiva e pesquisadora do Observa Infância, projeto da Fiocruz e do Centro Universitário Arthur de Sá Earp Neto (Unifase) que monitora a vacinação de crianças, são entraves que levam a aplicação da vacina a deixar de ser prioridade.

“Os pais chegam no posto para se vacinar e são informados de que não há doses, ou que tem que voltar em outro dia que é específico para a BCG. Só que muitas vezes no outro dia os pais não podem, e a vacina acaba sendo deixada de lado. E pouco tem sido feito em relação a campanhas de vacinação no Brasil, porque não adianta dizer apenas “vai vacinar”, é preciso explicar por que é tão importante para que se torne uma prioridade”, diz a especialista.

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O pediatra Daniel Becker, sanitarista do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), concorda e destaca que os quadros de tuberculose graves, que são evitados com a BCG, são especialmente perigosos para crianças não vacinadas.

“Existe algo chamado de oportunidade de vacinação. Especialmente quando temos pessoas com pouco acesso aos serviços de saúde, para ela voltar é muito difícil. E o Brasil tem uma das maiores taxas endêmicas de tuberculose, então para o bebê não vacinado a doença pode provocar quadros muito graves. É uma vacina muito importante que definitivamente não pode faltar”, afirma Becker.

Parte do Programa Nacional de Imunizações (PNI), a vacina BCG é feita com uma única dose e é indicada para todos a partir do nascimento até antes de completar 5 anos de idade, de preferência no primeiro mês de vida. Embora não previna 100% a doença, a aplicação em massa consegue evitar o desenvolvimento para formas graves, como a meningite tuberculosa.

A realidade de baixos estoques da vacina BCG acontece no momento em que o país vive quedas sucessivas na cobertura com o imunizante. O último ano em que o Brasil atingiu a meta de vacinar mais de 90% do público-alvo foi em 2018, quando alcançou 99,7% das crianças, segundo dados do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). Nos anos seguintes, o percentual caiu para 86,7%, em 2019; 74,3%, em 2020; 69,1%, em 2021, e agora está em 56,31%. É a cobertura mais baixa da série histórica, que teve início em 1996, destaca Patrícia, do Observa Infância.

“No caso da BCG, a queda é preocupante porque nós tínhamos um histórico de altíssimas coberturas. E agora não é só uma questão de adesão da população, estamos vendo pessoas indo aos postos e não conseguindo ter acesso à vacina. Então são outros problemas que se apresentam para um imunizante que é indicado para ser aplicado de preferência no primeiro mês de vida”, explica a especialista.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou não haver desabastecimento, apenas uma “readequação do quantitativo” devido ao processo de compra importada dos imunizantes. Isso porque a única fábrica autorizada a produzir a vacina no país, pertencente à Fundação Ataulpho de Paiva (FAP), no Rio de Janeiro, está interditada pela Anvisa pela necessidade de ajustes impostos após a última inspeção sanitária realizada pela agência.

Com isso, o ministério passou a adquirir as vacinas com o Fundo Rotatório da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), mas o quantitativo enviado aos estados por mês foi reduzido de 1 milhão para 500 mil doses. Segundo a pasta, a previsão é que a situação seja normalizada em setembro.

Na capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, eram recebidas, em média, 21 mil unidades da vacina antes da redução nacional. O contingente diminuiu para 7,3 mil doses. Porém, neste mês, o quantitativo foi de apenas 4,2 mil – uma redução total de 78%. De acordo com a pasta estadual, para suprir as demandas de todos os municípios são necessárias 75 mil doses, mas nos últimos meses Minas Gerais tem recebido cerca de 41,5 mil.

Em Cuiabá, a aplicação da BCG chegou a ser suspensa no dia 18 de julho, e foi retomada apenas nesta segunda-feira. A Secretaria Municipal de Saúde alertou que a quantidade recebida é insuficiente para abastecer toda a rede pública e, por isso, dividiu a aplicação do imunizante em apenas quatro unidades de saúde.

Em diversos estados o quantitativo enviado pelo ministério está longe do necessário para a população. No Espírito Santo, o total de doses enviadas tem sido de somente 60% do solicitado. No Rio Grande do Sul, 55,5%; em Santa Catarina, 45,3%; no Ceará, 45%; em São Paulo, 40%; no Rio Grande do Norte, 35%; em Goiás e na Bahia, 30%; em Roraima, 29%, e na Paraíba, 17,9%.

Na capital do Rio de Janeiro, o recebido no momento é de 50% do que era enviado anteriormente.

Em Aracaju, capital do Sergipe, o contingente é 38,5% do necessário; em Manaus, capital do Amazonas, de 45% e, em Recife, capital de Pernambuco, de apenas 7,1%. No Distrito Federal, onde as doses recebidas correspondem a apenas 31,2% das remessas anteriores, a Secretaria Estadual de Saúde informou ainda que há somente 200 unidades em estoque, que devem durar por apenas mais uma semana.

tags: Saúde

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