Terça-feira, 07 de maio de 2024
Por Redação O Sul | 14 de julho de 2015
O senador pelo Estado americano de Vermont Bernie Sanders é um autodeclarado socialista que pretende taxar ricos e corporações e criar um serviço universal de Saúde nos Estados Unidos. Donald Trump, empresário bilionário e apresentador de reality show, é um ícone do capitalismo americano dos anos 1980 e 1990 que quer construir um muro na fronteira com o México. No espectro político, eles não poderiam ser mais antagônicos. Mas na corrida presidencial americana – a todo vapor a 16 meses das eleições –, Sanders, do lado democrata, e Trump, no campo republicano, têm algo forte em comum. Ambos dispararam nas pesquisas, são vice-líderes nos primeiros testes das primárias que escolhem os candidatos e estão influenciando o debate nos dois partidos que disputam a Casa Branca.
Nas últimas semanas, as pesquisas consolidaram a ascensão da dupla. Disputando com 13 outros postulantes, Trump chegou à marca de dois dígitos em menos de dois meses. E, no último sábado, conseguiu um empate técnico (15,8%) com o líder Jeb Bush (16,1%), de acordo com uma pesquisa Reuters-Ipsos. Chris Christie vem atrás, com 9,5% dos votos. Quando a pesquisa é refinada, com apenas três candidatos, Bush ganha com folga.
Aos 69 anos, o magnata imobiliário Trump entrou na corrida como um furacão. Ao anunciar a pré-candidatura, deu início à polêmica da temporada, ao afirmar que o México não manda para os EUA “seus melhores” e, sim, “pessoas que têm muitos problemas, que estão trazendo drogas e crime, que são estupradores”. O ultraje tomou conta da comunidade latina, de democratas (que estão fazendo amplo uso eleitoral do show de preconceito) e de parceiros de negócios.
Sanders, ao contrário, tem sido influência positiva no debate. Independente, ele concorre entre os democratas porque é aliado da bancada no Congresso. Aos 73 anos, psicólogo, carpinteiro ocasional, ex-líder do partido socialista União da Liberdade e ex-prefeito por quatro mandatos da maior cidade de Vermont, Burlington, ele mantém-se fiel à mensagem de toda a sua vida pública: os EUA estão à beira do colapso por terem sido capturados pelos plutocratas e devido ao crescimento exponencial da desigualdade. “Nos últimos 30 anos, vimos uma transferência maciça de riqueza dos americanos comuns para os mais ricos e o povo está dizendo ‘basta’. Precisamos criar uma economia que funcione para todos e não só para um punhado de bilionários”, diz. O discurso captura uma preocupação crescente da população americana em geral e dos progressistas em particular. Essa ala desconfia da máquina por trás dos Clinton, da ligação de Hillary com Wall Street e de sua postura agressiva na política externa. (AG)