Segunda-feira, 13 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 13 de outubro de 2025
Ciro Nogueira ponderou que também não saberia o que fazer caso seu pai estivesse "sendo injustiçado"
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência BrasilO presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), afirmou que a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos causou um “prejuízo gigantesco” para o “projeto político” da direita. Segundo o parlamentar, antes das ações do filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em relação ao tarifaço imposto por Donald Trump, as eleições do ano que vem estavam “completamente resolvidas”.
O senador ponderou que também não saberia o que fazer caso seu pai estivesse “sendo injustiçado”, mas justificou que Eduardo “criou uma narrativa falsa” sobre as sanções — que, na visão de Nogueira, sequer foram aplicadas devido ao julgamento de Bolsonaro, como chegou a afirmar Trump.
“Foi um erro. Já manifestei até para interlocutores do governo americano. O Trump deveria ter dito quem era o responsável real por essa situação, que era o presidente Lula, por ter atacado o dólar, pela questão do Brics”, afirmou Nogueira. “Nos prejudicou eleitoralmente”, completou.
O líder do PP afirmou, ainda, que toda a situação envolvendo o tarifaço, sob a justificativa de que teria sido causado por Bolsonaro, fez Lula “se aproveitar de uma forma muito ostensiva” de temas como a defesa da soberania.
“O Lula ficou numa alegria muito grande com esse conflito para retomar sua popularidade. Espero que agora ele tenha responsabilidade e faça essa negociação como todos os países do mundo fizeram”, destacou Nogueira. “Eu não condeno o Eduardo (pelas articulações com os EUA), porque não sei o que faria se meu pai estivesse sendo injustiçado, mas foi um prejuízo gigantesco para o nosso projeto político”.
Tarifaço
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou que está otimista com a possibilidade de os Estados Unidos suspenderem a tarifa de 40% imposta aos produtos brasileiros desde agosto. Segundo ele, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu diretamente a Donald Trump que o aumento seja suspenso enquanto as negociações bilaterais continuam.
“O pedido do presidente Lula para o presidente Trump foi de, enquanto se negocia, suspender os 40%. Esse foi o pleito, enquanto negocia, suspende os 40%. E aí a gente passa para um ganha-ganha, tem muita possibilidade de parceria entre Brasil e Estados Unidos”, disse Alckmin, após participar de uma missa, em Aparecida (SP).
O vice-presidente destacou que alguns setores já começaram a sentir alívio, como é o caso da celulose e do ferro-níquel, que tiveram suas tarifas de importação eliminadas pelos EUA mais recentemente, após a entrada em vigor da sobretaxa de 40%.
“Celulose, ferro-níquel, já é 0%. Isso dá 4% da exportação brasileira. Semana passada, madeira encerrada e macia estava em 50%, veio para 10%. Armário, sofá, móveis, estava em 50% veio para 25%. O que nós precisamos é avançar mais depressa”, afirmou.
Existe a expectativa de que Lula e Trump se encontrem pessoalmente no fim do mês, na Malásia, para discutir o tema, após um contato preliminar durante a Assembleia-Geral da ONU, em setembro.