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Colunistas Problemas onde não existem

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Bolsonaro tem de parar de ler o “filósofo” Olavo Carvalho. (Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul. O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

Se teve algo que Bolsonaro fez bem, em campanha, foi se comunicar. Ganha quem é capaz de expressar com mais clareza – através das palavras e dos gestos – as aspirações do povo. Ganha quem traduz melhor o espírito da época. Mas a sintonia fina com a alma nacional desaparece com a vitória. Agora, todo mundo está dizendo, com razão, que o governo eleito se comunica mal.

Não chega a ser grave, por enquanto. E até um pouco natural – tudo é novidade. Para o vitorioso, a maior novidade é o número de amigos de infância, de escola e de quartel, tantos que nem ele se lembrava. De hora para outra, ao redor do vencedor pululam os oportunistas de todas as horas, à direita e à esquerda, os profetas de eventos que já aconteceram, os indefectíveis engenheiros de obras prontas.

Mas logo no dia seguinte à eleição, é preciso dar conta de que tudo não é um sonho. E não faltam problemas a resolver, medidas e providências a tomar. Novas pragas se alastram rapidamente: é preciso conviver com propostas mirabolantes, chatos de todas as categorias, papagaios de pirata. O cordão dos puxa-sacos cada vez aumenta mais.

Alguém sempre vem com uma ideia capaz de, como uma bala de prata, solucionar todos os problemas. Mas a ideia não para em pé, porque logo outro interlocutor, provavelmente mais sensato, demonstra que, se for aplicada, gerará efeitos calamitosos, novos problemas se sucederão em cadeia. E tome avanço, recuo, desmentido. Há propostas que viram pó na hora seguinte.

E, senhores, o vencedor também tem vez. Acolhido pela multidão de eleitores, orgulhoso do feito espetacular, e como o vitorioso é apenas um ser humano, com todas as suas fragilidades, passa a pensar que ele, mais do que ninguém, tem o condão mágico das soluções.

Vejam Bolsonaro. Ainda movido por um anticomunismo meio extemporâneo, sem aviso, do nada, atacou a China, e nos ofereceu a garantia – que ninguém lhe solicitou – de que com ele os chineses não iriam tomar conta do Brasil.

Que eu saiba, não há um único e só sinal de que os chineses queiram invadir o Brasil. Tudo o que eles querem é vender seus produtos baratos. Afinal, são do primeiríssimo time do comércio mundial. E como eles são mais 1 bilhão e 500 milhões de consumidores, porque o dono do estabelecimento vai comprar briga com um cliente desse porte? Para que imitar o bufão Trump?

O presidente tem de parar de ler o “filósofo” Olavo Carvalho. A Guerra Fria terminou faz tempo. Ninguém mais acredita que a China é um país comunista. Nem os chineses filiados ao Partido Comunista Chinês. Talvez nem os generais durões do novo governo.

E de onde vem a ideia de jerico de mudar a embaixada do Brasil em Israel de Tel Aviv para Jerusalém? A propensão de copiar Trump? Não precisa ser tão literal. Por que atrair a antipatia do mundo árabe (parceiro comercial relevante) e provocar a ira do islamismo, para quem a proposição é uma heresia, uma injúria gravíssima? O que o Brasil ganha com a patacoada?

É um desafio colossal resolver os graves problemas do nosso país. Nem o eleitor mais distraído votou para que se criem problemas onde não existem.

Esta coluna reflete a opinião de quem a assina e não do Jornal O Sul.
O Jornal O Sul adota os princípios editorias de pluralismo, apartidarismo, jornalismo crítico e independência.

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https://www.osul.com.br/problemas-onde-nao-existem/ Problemas onde não existem 2018-11-17
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