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Por Redação O Sul | 19 de julho de 2020
Ele pode ser polêmico e não agradar a todos os públicos, mas, para uma professora de Várzea Paulista (SP), o funk é sinônimo de aprendizado. Através do ritmo musical, as aulas de história dela passaram a ser motivo de diversão para os alunos da rede estadual de ensino da cidade.
O diferencial, que já era aplicado presencialmente, também passou a fazer parte das aulas a distância de Ana Carolina da Silva após o início da pandemia do coronavírus.
Ao portal de notícias G1, a professora de 25 anos conta que escolhe as músicas que estão em alta no momento para deixar as aulas mais leves e fazer com que as informações sejam absorvidas de maneira descontraída pelos alunos. Mantendo o ritmo, ela cria uma nova letra incluindo os conteúdos a serem estudados.
De acordo com a professora, o funk é um dos estilos preferidos dos alunos. “É um dos estilos que eles mais gostam. Então, tento fazer com que as aulas sejam mais atrativas. Muitas vezes, são eles que escolhem as músicas e dá muito resultado, eles adoram”, diz.
Uma das músicas escolhidas para virar paródia foi “Vamos pra Gaiola”, do cantor Mc Kevin, que se transformou em “Vamos pra América” em uma sala do 8º ano do ensino fundamental. Através da nova letra, os alunos puderam conhecer um pouco mais sobre o continente americano.
Pelo computador
Com a pandemia de coronavírus, as aulas dentro de casa e pelo computador passaram a ser uma realidade para os estudantes. Segundo a professora, foi necessário se adaptar para manter os alunos interessados nos conteúdos e não deixar o estudo ser prejudicado pela situação.
“Estamos nos ‘virando nos 30’ para tentar atingir a todos. Fazemos o máximo possível por eles, para que eles se sintam incluídos, por mais difícil que seja”, diz.
Mesmo com o auxílio da tecnologia, os livros ainda são necessários. Por isso, a professora preparou uma apostila de dois meses para os alunos imprimirem e acompanharem as aulas com mais facilidade.
Caso algum estudante não consiga imprimir por conta, a escola disponibiliza a impressão. “Faço dessa maneira para que fique tudo mais fácil. Assim o conteúdo não se perde”, diz.
Papel essencial
A saudade das aulas presenciais é uma realidade, de acordo com a professora, que recebe mensagens diárias dos alunos lamentando por não poderem voltar para a escola.
“Os alunos sentem muita falta do presencial e nós professores também. Nós estamos vendo como o papel do professor é essencial, nada substitui um professor”, continua.
Além da distância, Ana Carolina ressalta que falta acessibilidade para muitos alunos. De acordo com a professora, os jovens da periferia acabam enfrentando obstáculos para acompanhar as aulas, na maioria dos casos por falta de estrutura física e ausência de apoio dos pais.
“É muito complicado, pois muitos não têm o apoio da família ou os pais não têm uma educação básica para ajudar. Então, acaba sendo muito triste essa realidade. No presencial, fazemos o possível para ajudar, mas, com aulas remotas, nem todos têm acesso, então foge do nosso alcance”, finaliza. As informações são do portal de notícias G1.