Quarta-feira, 16 de julho de 2025
Por Redação O Sul | 10 de março de 2022
Qual é a capacidade nuclear da Rússia? Moscou não revela, obviamente, mas é suficiente para deixar o mundo em alerta. Como ocorre com muitos países, o tamanho exato do arsenal atômico da Rússia é segredo de Estado, mas estimativas indicam que é o maior do mundo.
Dados compartilhados pela Janes, agência que fornece análises na área de defesa, indicam que a Rússia tenha mais de 6 mil ogivas nucleares, incluindo cerca de 4 mil em arsenal ativo e o restante em desmantelamento (em processo de serem “desmanchadas”). As ogivas são formadas por uma arma nuclear encapsulada na parte cilíndrica de um foguete, míssil ou projétil.
De acordo com a FAS (Federação dos Cientistas Americanos, na sigla em inglês) esse arsenal, junto com o dos EUA (com cerca de 4.000), representa 90% das ogivas nucleares do mundo.
— RS-28 Sarmat: míssil balístico intercontinental com capacidade para transportar até 15 toneladas de ogivas;
— Status-6 (ou Poseidon): veículo submarino que pode ser equipado com bomba nuclear de cobalto que, ao explodir, provoca tsunami com 500 metros. É capaz de espalhar nuvem radioativa por mais de 500 mil km2;
— Avangard: tem apenas duas toneladas e viaja a uma velocidade pelo menos 20 vezes superior à do som, o que permite escapar de sistemas de defesa antimísseis.
Segundo estimativas, a Rússia gastou em 2020 US$ 8 bilhões modernizando o arsenal que herdou da União Soviética e desenvolvendo capacidade.
O país não caminha sozinho na contramão da não-proliferação. Os EUA teriam gastado cerca de US$ 37 bilhões no mesmo ano.
Segundo analistas, o risco de guerra nuclear é baixo. Uma das razões seria a expectativa de destruição mútua que impediu ataques mesmo em momentos de tensão na Guerra Fria.
Até hoje, os EUA foram o único país a utilizar armas nucleares numa situação de conflito. Estima-se que a explosão em Hiroshima (Japão) tenha matado imediatamente de 50 mil a 100 mil pessoas em 1945, último ano da Segunda Guerra Mundial. Três dias depois, outra ogiva foi lançada em Nagasaki, matando na hora de 28 mil a 49 mil pessoas. Um mês depois o Japão assinou oficialmente sua rendição.
Estima-se que pelo menos nove países tenham esse tipo de armamento de destruição em massa: EUA, Rússia, China, França, Reino Unido, Índia, Paquistão, Israel e Coreia do Norte. O número de ogivas ao redor do mundo tem caído ao longo do tempo, passando de 70 mil nos anos 1980 para cerca de 14 mil atualmente.
Ainda assim, especialistas apontam que todos esses países continuam modernizando seus arsenais.
Poder de destruição
O potencial de destruição depende do tipo de cada arma, mas vai desde acabar com cidades pequenas e médias até a destruição completa de grandes metrópoles, como Nova York. Algumas dessas armas podem, inclusive, chegar aos EUA em questão de minutos. O mesmo se daria com lançamentos em direção à Rússia.
Estima-se que até hoje nenhuma explosão em testes tenha superado a potência da “Bomba-Czar”, da União Soviética, que foi lançada em 1961 com poder equivalente ao de 50 milhões de toneladas de dinamite (50 megatons). Essa bomba era mais de 3.000 vezes mais poderosa que a lançada sobre Hiroshima pelos EUA.
Além do impacto da explosão, armas nucleares emitem altos níveis de radiação, que também podem ser fatais. Estima-se que a radiação tenha durado meses na cidade japonesa, levando à morte de mais 80 mil pessoas.
A política oficial do Estado russo sobre armas nucleares é que elas servem para cumprir um papel de dissuasão nuclear que é de natureza puramente defensiva.
“A política é manter o nível mínimo de armas nucleares que seriam necessárias para servir de dissuasão, tanto para garantir a soberania nacional e a integridade territorial da Rússia quanto para impedir potenciais adversários de agressão contra a Rússia”, explicou um grupo de analistas da Janes, agência provedora de inteligência e especialista em análise de defesa.
Em 2 de junho de 2020, uma ordem executiva divulgada pelo gabinete do presidente russo afirma que a nação “considera as armas nucleares exclusivamente como meio de dissuasão, sendo seu uso uma medida extrema e obrigatória”.
O documento ainda diz que as Forças Armadas da Federação Russa garantem que a dissuasão nuclear seja mantida em todos os momentos e alerta os possíveis adversários sobre a inevitabilidade da retaliação em caso de ataque à Rússia ou a seus aliados.