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Por Redação O Sul | 7 de maio de 2021
Entre 2018 e 2019, cerca de 29,1 milhões de pessoas de 18 anos ou mais sofreram algum tipo de violência psicológica, física ou sexual no Brasil, revela a PNS (Pesquisa Nacional de Saúde) 2019 – Acidentes, Violência, Doenças Transmissíveis, Atividade sexual, Características do trabalho e Apoio social, divulgada nesta sexta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e feita em parceria com o Ministério da Saúde. Esse total corresponde a 18,3% dos residentes no País.
A pesquisa mostra que a violência atinge mais as mulheres, os jovens, as pessoas pretas ou pardas e a população de menor rendimento. De acordo com a PNS, o percentual de mulheres que sofreram violência nos 12 meses anteriores à entrevista é de 19,4% ante 17,0% de homens. Entre jovens de 18 a 29 anos, o percentual chega a 27,0%, enquanto é de 20,4% na faixa de 30 a 39 anos; 16,5% entre os adultos de 40 a 59 anos e 10,1% entre os de 60 anos ou mais. As pessoas pretas (20,6%) e pardas (19,3%) sofreram mais com a violência do que as pessoas brancas (16,6%).
A mesma tendência ocorreu com a população com menor rendimento (sem rendimento ou até 1/4 do salário-mínimo), em comparação com a de maior rendimento (mais de 5 salários-mínimos), 22,5% e 16,9%, respectivamente.
“Há uma incidência maior de violência entre pessoas com domicílios com menor rendimento. Mas não podemos fazer uma correlação entre pobreza e violência, pois há outras questões envolvidas como a cultural, o machismo e o racismo”, diz a analista da pesquisa, Flavia Vinhaes.
Companheiro, ex-companheiro, namorado e ex-namorado ou parentes foram os principais agressores das mulheres que sofreram violência física (52,4%), psicológica (32,0%) e violência sexual (53,3%) e a violência ocorre mais frequentemente em casa. Já entre os homens, o mais comum são agressões físicas e psicológicas de amigos, colegas, vizinhos ou pessoas desconhecidas na rua.
“O tipo de agressão e o local onde ela ocorre são informações que conversam entre si; como o agressor da mulher é o companheiro, ex-companheiro ou familiar, consequentemente, o domicílio acaba sendo o principal local da agressão; enquanto no caso dos homens a violência é mais alta fora do domicílio, embora a agressão psicológica a homens seja relativamente alta dentro do domicílio”, diz o analista da pesquisa, Leonardo Quesada.
Em 2019, a PNS estimou que 17,4% da população – um total de 27,6 milhões de pessoas de 18 anos ou mais – sofreu agressão psicológica nos 12 meses anteriores à entrevista. Considerando que 27,6 milhões de pessoas sofreram violência psicológica e 29,1 milhões sofreram algum tipo de violência, das pessoas que sofreram alguma violência, 95,0% sofreram violência psicológica.
O percentual de mulheres vitimadas foi maior do que o dos homens, 18,6% contra 16,0%. A população mais jovem (18 a 29 anos) sofreu mais violência psicológica do que a população com idade mais elevada (60 anos ou mais), 25,3% contra 9,6% respectivamente. Mais pessoas pretas (19,3%) e pardas (18,3%) sofreram com este tipo de violência do que pessoas brancas (15,9%).
A PNS 2019 estimou também que 6,6 milhões de pessoas de 18 anos ou mais sofreram violência física nos 12 meses anteriores à entrevista, o que representa 4,1% da população. A exemplo da violência psicológica, mais pessoas jovens (18 a 29 anos) sofreram com a violência física do que idosos (60 anos ou mais), 7,7% contra 1,6%. Por cor ou raça, um percentual maior de pessoas pretas (5,2%) e pardas (4,9%) sofreu este tipo de agressão, em comparação às pessoas brancas (3,2%).
Em 2019, estimou-se que 1,2 milhão de pessoas foram vítimas de violência sexual nos últimos 12 meses anteriores à entrevista, dentre as quais 72,7% eram mulheres (885 mil). Os mais jovens e as pessoas declaradas pretas também foram os que mais sofreram agressão sexual.
Foram questionados dois tipos de agressão: “foi tocada, manipulada, beijada ou teve partes do corpo expostas contra a vontade” (respondido por 79,7% das vítimas de violência sexual, 76,1% das mulheres e 89,3% dos homens); e “foi ameaçada ou forçada a ter relações sexuais ou quaisquer atos sexuais, contra a vontade” (respondido por 50,3% dessas vítimas, 57,1% das mulheres e 32,2% dos homens). As informações são do IBGE.