Terça-feira, 30 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 12 de janeiro de 2016
“Nós não queremos fazer do livro um produto de exportação”, disse Christian Hartmann, do Instituto de História Contemporânea de Munique, ao apresentar a primeira edição do “Mein kampf” (Minha luta“, em alemão) a ser publicada na Alemanha desde 1945. Mas, mesmo que não exista a intenção, o livro panfletário de Adolf Hitler, proibido na Alemanha durante 70 anos, promete mais uma vez se tornar um best-seller.
Em apenas poucas horas depois do lançamento, na sexta-feira, todos os quatro mil volumes da primeira edição foram vendidos. Dentro de duas semanas, sairá uma nova tiragem. Do mundo inteiro, também do Brasil, chegaram pedidos de tradução.
Mas a nova edição divide opiniões. O historiador inglês Ian Kershaw, autor de uma importante biografia de Hitler e que também participou da equipe que preparou a republicação, defendeu o projeto como uma forma de acabar com o tabu da proibição, cujo efeito seria criar “a fascinação pelo inatingível”. Descendente de sobreviventes do holocausto e presidente do Conselho Central dos Judeus da Alemanha, Josef Schuster lembra que a edição crítica comentada terá um efeito positivo.
“Muitas coisas que ouvimos hoje na Alemanha estão nesse livro. Eu acho que a edição comentada ajuda a esclarecer e mostra como as teses de Hitler são absurdas”, diz Schuster, referindo-se ao novo perigo da extrema-direita na forma do Pegida (Patriotas Europeus contra a Islamização do Ocidente) e do partido Alternativa para a Alemanha. (AG)