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Geral Saiba por que pessoas inteligentes caem em mentiras e notícias falsas sobre o coronavírus

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Presença de imagem ao lado de uma informação ajuda a aumentar aparência de veracidade. (Foto: Reprodução)

A BBC já desmentiu várias informações falsas que estavam sendo espalhadas sobre o coronavírus, incluindo mentiras sobre curas inexistentes. Autoridades como a Organização Mundial de Saúde e organizações médicas e científicas também estão a todo tempo divulgando informações corretas e confiáveis sobre a pandemia.

E muitas vezes, as informações falsas são tão perigosas quanto a doença. Um documento recente de uma província do Irã descobriu que mais pessoas morreram por consumir álcool industrial, com base em uma falsa alegação de que poderia protegê-las do Covid-19, do que do próprio vírus. Nos Estados Unidos, um homem morreu após se automedicar com cloroquina em seu formato usado para fazer limpeza de aquário.

Mas mesmo ideias aparentemente inócuas podem levar você e outras pessoas a ter uma falsa sensação de segurança, desencorajando-os a aderir às diretrizes de médicos e organizações de saúde.

Há evidências de que as pessoas estão acreditando nessas ideias erradas.

Uma pesquisa do instituto YouGov e da revista The Economist de março de 2020 descobriu que 13% dos americanos acreditavam que a crise da covid-19 era uma farsa. Outros 49% acreditavam que a pandemia poderia ter sido provocada pelo homem. E, embora se espere que maior capacidade intelectual ou educação nos ajudem a diferenciar fatos da ficção, é fácil encontrar exemplos de muitas pessoas instruídas que caem nesse tipo de mentira.

Leve em consideração a escritora Kelly Brogan, uma importante teórica da conspiração da covid-19: ela é formada pelo MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts) e estudou psiquiatria na Universidade de Cornell, ambos nos EUA.

No entanto, ela desconsiderou evidências claras do perigo do vírus em países como China e Itália e chegou ao ponto de questionar os princípios básicos do conhecimento que se tem sobre os germes, ao mesmo tempo em que endossava ideias pseudocientíficas.

Mesmo alguns líderes mundiais — de quem você esperaria ter maior discernimento quando se trata de rumores infundados — estão espalhando informações imprecisas sobre o risco do surto e promovem remédios não comprovados que podem causar mais mal do que bem.

Isso levou o Twitter e o Facebook a fazerem algo inédito: removerem postagens de líderes mundiais por espalharem desinformação.

Os psicólogos já estudam esse fenômeno há alguns anos. E as respostas que eles encontraram podem indicar novas maneiras de nos protegermos das mentiras e ajudarmos a conter a disseminação de de notícias falsas e comportamentos nocivos.

Sobrecarga de informação

Parte do problema surge do excesso de mensagens. Somos bombardeados com informações o dia todo, todos os dias e, portanto, frequentemente confiamos em nossa intuição para decidir se algo é verdade.

Os fornecedores de notícias falsas podem fazer com que suas mensagens pareçam “verdadeiras” através de alguns truques simples, que nos desencorajam nosso pensamento crítico — com práticas como verificar a credibilidade da fonte. Quando os pensamentos fluem sem problemas, as pessoas concordam.

Eryn Newman, da Universidade Nacional Australiana, por exemplo, mostrou que a simples presença de uma imagem ao lado de uma declaração aumenta nossa confiança em sua veracidade — mesmo que a imagem esteja relacionada apenas tangencialmente à reivindicação. Uma imagem genérica de um vírus que acompanha alguma alegação sobre um novo tratamento, por exemplo, pode não oferecer provas da afirmação, mas nos ajuda a visualizar o cenário geral. Aceitamos essa “facilidade de processamento” como um sinal de que a reivindicação é verdadeira.

Por razões semelhantes, a desinformação incluirá linguagem descritiva ou histórias pessoais que parecem realistas. Também apresentará apenas fatos ou números familiares o suficiente — como mencionar o nome de um corpo médico reconhecido — para fazer a mentira parecer convincente, permitindo que ela se amarre ao nosso conhecimento anterior.

Até a simples repetição de uma afirmação — seja o mesmo texto ou várias mensagens — pode aumentar a aparência de “veracidade”, estimulando os sentimentos de familiaridade, que confundimos com precisão factual. Portanto, quanto mais vezes vemos algo em nossas redes sociais, maior a probabilidade de pensarmos que aquilo é verdade — mesmo se fôssemos originalmente céticos.

Compartilhar antes de pensar

Esses truques são conhecidos há muito tempo pelos publicitários e marqueteiros, mas as mídias sociais de hoje podem aumentar nossa tendência à ingenuidade.

Evidências recentes mostram que muitas pessoas compartilham conteúdo de forma automática, sem sequer refletir a respeito.

Gordon Pennycook, pesquisador em psicologia da desinformação da Universidade de Regina, Canadá, pediu aos participantes de um estudo que analisassem uma mistura de manchetes verdadeiras e falsas sobre o surto de coronavírus.

Quando foram especificamente solicitados a julgar a precisão das declarações, os participantes disseram que as notícias falsas eram verdadeiras em cerca de 25% das vezes.

Quando foram simplesmente questionados se compartilhariam a manchete, no entanto, cerca de 35% disseram que repassariam as notícias falsas — 10% a mais.

“Isso sugere que as pessoas estavam compartilhando material que eles poderiam saber que era falso, se tivessem pensado mais diretamente”, diz Pennycook. (Como grande parte da pesquisa de ponta sobre a covid-19, essa pesquisa ainda não passou por peer review, ou seja, não foi revisada por outros cientistas, mas um resultado parcial já foi divulgado.)

Talvez os cérebros dos participantes estivessem se perguntando se uma declaração receberia curtidas e compartilhamentos em vez de considerar sua veracidade.

“As mídias sociais não incentivam a verdade”, diz Pennycook. “O que elas incentivam é o engajamento.”

Ou talvez as pessoas achassem que poderiam repassar a responsabilidade de julgar a veracidade para os outros: muitas pessoas têm compartilhado informações falsas com uma espécie de aviso, dizendo algo como “não sei se isso é verdade, mas…”.

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https://www.osul.com.br/saiba-por-que-pessoas-inteligentes-caem-em-mentiras-e-noticias-falsas-sobre-o-coronavirus/ Saiba por que pessoas inteligentes caem em mentiras e notícias falsas sobre o coronavírus 2020-04-12
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