Quinta-feira, 18 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 8 de junho de 2019
O chamado jejum intermitente tem se tornado uma forma popular de perder peso. Resumidamente, consiste em deixar de comer ou em reduzir muito a alimentação durante um determinado período de tempo. Mas de onde vem o apelo desta prática? Ela realmente funciona?
Independentemente de você adotar o padrão 5:2 (cinco dias de alimentação normal e dois de consumo bem restrito) ou 16:8 (dezesseis horas sem comer seguidas de uma janela de oito horas para se alimentar), para perder peso é preciso ficar atento aos alimentos que você vai escolher quando terminar o período de abstinência.
Recentemente, o CEO do Twitter, Jack Dorsey, ganhou as manchetes ao dizer que só comia uma refeição por dia. A declaração causou muita discussão nas redes sociais, com críticos dizendo que se tratava de uma dieta extrema.
Mas talvez Dorsey estivesse apenas seguindo a última tendência.
De acordo com um levantamento da fundação Conselho Internacional para Informação sobre Alimentação, o jejum intermitente foi a dieta mais popular do ano passado.
O jejum intermitente pode ser feito de várias formas diferentes, mas sempre envolve um período de tempo no qual o praticante come muito pouco ou nada, em intervalos regulares.
Padrões de jejum
O padrão 16:8 consiste em jejuar durante 16 horas seguidas no dia, e concentrar as refeições em uma janela de oito horas. Geralmente, é feito com refeições permitidas somente de meio-dia às 20h.
O padrão 5:2 consiste em comer apenas 25% das calorias normais durante dois dias não consecutivos (terça e quinta, por exemplo) ao longo de uma semana. Há também o jejum completo de 24h, praticado uma vez por semana ou por mês.
Praticantes do jejum intermitente alegam que é uma boa forma de perder peso. Uma análise de vários estudos sobre o método, publicada pela Annual Review of Nutrition de 2017, descobriu que 11 de 16 experimentos resultaram em perda de peso.
“A razão para isso é simplesmente matemática, uma vez que você está restringindo a ingestão de calorias”, diz a Linia Patel, especialista em dietas e porta-voz da Associação Dietética Britânica.
Apesar disso, o estudo mencionado acima também descobriu que alguns padrões de jejum não são aconselháveis: o jejum em dias alternados, por exemplo, provocou fome intensa nos praticantes, e não foi considerado uma alternativa viável para perder peso.
Períodos de jejum forçado
O jejum tem sido uma prática conhecida ao longo da história, realizada geralmente por motivos religiosos, culturais e espirituais.
Patel explica que nossos ancestrais mais antigos conviviam com longos períodos de jejum forçado. Tribos caçadoras-coletoras (que não praticavam a agricultura) só comiam caso conseguissem caçar alguma coisa ou coletar no ambiente. Portanto, jejuar era parte de sua vida cotidiana.
Hoje em dia, porém, estamos constantemente expostos a uma variedade de alimentos. Também vivemos vidas muito menos ativas que nossos antepassados. Juntos, estes fatores causaram uma epidemia de obesidade.
Banquete e fome
É um engano comum achar que, fora do período de jejum, você pode se empanturrar, diz Patel.
“Na minha prática clínica, descobri que muita gente não estava fazendo o jejum intermitente de forma apropriada”, conta ela. “Por exemplo: elas podem se manter abaixo de 500 calorias nos dias de jejum, mas quando termina este período, comem verdadeiros banquetes”, diz.
“Isto é perigoso. Desta forma, você não está criando o deficit de calorias necessário para perder peso. É preciso comer de forma moderada”, diz.
O jejum intermitente não consiste em passar fome e depois se banquetear. Isto não funciona.
Para que o jejum intermitente seja uma forma segura, efetiva e saudável de se alimentar, a comida consumida durante as “janelas de alimentação” precisa ser de alto valor nutricional.
Cientistas enfatizam que a dieta das pessoas que adotam o jejum intermitente precisa incluir gorduras essenciais presentes em alguns tipos de peixes, amêndoas, castanhas e grãos; também deve incluir fontes de proteína magra, cereais integrais, carboidratos provenientes de alimentos ricos em amido e muitas frutas e vegetais, de forma a prover quantidades suficientes de fibras vitaminas e minerais.
‘Não é para todo mundo’
O jejum intermitente não é adequado para pessoas com doenças ou outras debilitações de saúde.
Pessoas com casos severos de diabetes, histórico de distúrbios alimentares como anorexia e bulimia; pessoas com doenças crônicas; mulheres grávidas ou que estão amamentando não deveriam tentar o jejum intermitente.
Pessoas com úlcera no estômago também deveriam evitar esses jejuns.
Essa dieta se tornou mais popular nos últimos dez anos, e portanto não há informações suficientes ainda para saber se é melhor ou pior que outros tipos de dietas, diz Patel.