Sexta-feira, 26 de abril de 2024
Por Redação O Sul | 14 de dezembro de 2020
O secretário-executivo do Ministério da Saúde (MS), Elcio Franco, afirmou que seria “irresponsável” especificar a data de início da vacinação contra a covid-19 sem o registro e aprovação de vacinas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A declaração do número 2 do Ministério da Saúde foi dada em vídeo divulgado no último domingo (13), no canal da pasta no YouTube.
No mesmo dia de divulgação do vídeo, o ministro Ricardo Lewandowski, relator de ações sobre plano de vacinação no Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que o Ministério da Saúde informe, no prazo de 48 horas, as datas de início e término do plano nacional de vacinação contra a covid-19.
O MS foi notificado nesta segunda-feira (14). Sendo assim, o prazo termina nesta quarta (16).
Na sexta-feira (11), o governo entregou ao Supremo o programa de imunização com previsão de 108 milhões de doses para grupos prioritários. O material não especifica uma data para início da aplicação de vacinas.
“Seria irresponsável darmos datas específicas para o início da vacinação porque depende de registro em agência reguladora, posto que só saberemos da segurança completa quando finalizados os estudos clínicos da fase 3”, afirmou Elcio Franco na gravação.
O coronel aposentado do Exército disse também que “nenhum dos laboratórios sequer iniciou o processo de autorização para uso emergencial em caráter experimental”.
“Como estabelecer um calendário de vacinação sem saber se a vacina estará liberada para uso com a certeza de sua segurança e eficácia?”, questionou o secretário do MS em outro momento do vídeo.
CoronaVac
No mesmo material, Franco também afirmou que o governo comprará doses da vacina CoronaVac, desenvolvida pela chinesa SinoVac em parceria com o Instituto Butantan quando esta for registrada e aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
“A vacina anunciada pelo Butantan, maior fornecedor de vacinas para o Ministério da Saúde, ao ser registrada e aprovada pela Anvisa, confirmando suas condições de segurança e eficácia, será também adquirida e adicionada ao plano nacional de vacinação contra a covid-19”, declarou.
Do plano de vacinação entregue ao STF, não consta acordo para aquisição da CoronaVac, mas o imunizante aparece na lista de 13 “vacinas candidatas”.
No vídeo divulgado no canal do Ministério da Saúde, as declarações sobre a CoronaVac foram dadas depois que Elcio teceu críticas ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB).
A CoronaVac tem sido motivo de briga política entre o governador de São Paulo e o presidente Jair Bolsonaro.
Em outubro, Ministério da Saúde afirmou que compraria doses da CoronaVac, mas a possível aquisição foi desautorizada pelo presidente Jair Bolsonaro.
Em novembro, Bolsonaro chegou a comemorar em uma rede social a suspensão temporária de testes do imunizante, determinada pela Anvisa após a morte de um voluntário que cometeu suicídio. A agência reverteu a própria decisão e os estudos foram retomados dois dias depois.
João Doria já definiu o próximo dia 25 de janeiro como data de início da aplicação da CoronaVac em São Paulo.
Na última quinta-feira (10), um grupo de cientistas pediu ao Ministério da Saúde que incluísse a CoronaVac no plano de imunização. Os pesquisadores destacaram a necessidade de um grande número de doses para assegurar a cobertura vacinal no País.
Na sexta-feira, após reunião com o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (DEM), afirmou, em uma rede social, que o governo federal iria requisitar todas as vacinas disponíveis contra a covid-19, possibilidade que seria prevista em uma medida provisória. O Ministério da Saúde negou a informação.
No mesmo dia, João Doria reagiu e disse que a suposta requisição representaria um “confisco”, por parte do governo, de imunizantes.
No vídeo divulgado pelo MS, Elcio Franco afirmou: “Senhor João Doria, não brinque com a esperança de milhares de brasileiros, não venda sonhos que não possa cumprir prometendo uma imunização com um produto que sequer possui registro nem autorização para uso emergencial”.