Brasil Sem reforma, em 20 anos a Previdência consumirá 87% da receita do Governo Federal

Hoje, só o INSS consome 42% da receita líquida da União. Lá na frente, vai drenar 87%.

As primeiras projeções indicam que fixar um limite para os gastos públicos terá o poder de escancarar as distorções da Previdência. O projeto de emenda constitucional que põe um freio no crescimento das despesas, a PEC do Teto, ainda está em avaliação no Senado, mas estimativas que consideram a sua aplicação mostram que o INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) vai dragar logo o orçamento. Sem a reforma da Previdência, o gasto mais que dobrará até 2035 – às vésperas de o teto completar 20 anos.

Hoje, só o INSS consome 42% da receita líquida da União. Lá na frente, vai drenar 87%. “O Estado vai funcionar quase que exclusivamente para pagar pensões e aposentadorias caso não se faça uma reforma”, disse o economista Paulo Tafner.

Tafner montou projeções, sem e com mudanças de regras, até 2060. Nesse exercício, fica claro que não fazer nada é o pior dos mundos. Segundo ele, hoje as despesas previdenciárias são desmedidas. Hoje, as pensões por morte, por exemplo, somam 106 bilhões de reais, que equivale a todo o gasto com saúde.

Gerações futuras

A reforma da Previdência é inevitável para garantir o pagamento da aposentadoria para as gerações futuras, dizem especialistas e governo federal. Mas não é só o equilíbrio fiscal e o envelhecimento da população – os dois pilares que vêm sustentando a discussão – que devem ser contemplados.

A economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) Ana Amélia Camarano estudou o adoecimento dos trabalhadores e apontou que aposentadorias por invalidez devem crescer com a adoção de idade mínima de 65 anos. Até 2050, considerando apenas o envelhecimento da força de trabalho, a inatividade por doença deve aumentar 181%. Se for levada em conta a entrada da mulher no mercado de trabalho – que adoece mais na velhice –, o avanço sobe para 282%.

“A reforma da Previdência é necessária. Depois de aposentado, o homem fica mais 6 anos trabalhando, o que indica que a aposentadoria está acontecendo antes da perda da capacidade laborativa. Se não for feita considerando todos os fatores envolvidos, a reforma perderá efetividade”, disse Ana. (AE e AG)

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