Domingo, 05 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 3 de outubro de 2025
Uma nova diretriz brasileira determina que todos os adultos entre 30 e 79 anos com sobrepeso ou obesidade, ainda que sem doença cardiovascular prévia, devem ter a condição cardiovascular avaliada por meio do escore PREVENT, uma ferramenta de cálculo internacional que estima a probabilidade de enfarte, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca nos dez anos seguintes.
Com base nessa avaliação, os pacientes passam a ser classificados em risco baixo, moderado ou alto para eventos cardiovasculares, além da categoria de alto risco específica para insuficiência cardíaca. Essa categorização orientará o tipo e a intensidade do tratamento a ser indicado.
O documento reforça a mudança no olhar sobre a doença e seu tratamento. Pelo novo paradigma, o tratamento da obesidade deixa de se apoiar apenas no índice de massa corpórea (IMC) e passa a considerar o risco real de complicações. Agora, além do peso, os médicos devem considerar se o paciente fuma, tem diabete, doença renal, hipertensão, dislipidemia, insuficiência cardíaca, entre outros riscos.
A Diretriz Brasileira para Tratamento da Obesidade e Prevenção de Doenças Cardiovasculares e Complicações Associadas 2025 foi divulgada na sexta-feira pela Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), ao lado da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), da Sociedade Brasileira de Diabete (SBD) e da Academia Brasileira do Sono (ABS). O documento foi publicado na revista internacional Diabetology & Metabolic Syndrome.
Trata-se da primeira diretriz brasileira voltada para o tema e “representa um marco na prática clínica” ao propor que todo paciente adulto com sobrepeso ou obesidade tenha seu risco cardiovascular avaliado de forma padronizada e criteriosa, afirma a Abeso.
Na prática, passa a ser possível avaliar melhor os diferentes perfis, como um paciente com IMC elevado, mas risco cardiovascular relativamente baixo ou um paciente com sobrepeso, porém alto risco cardiovascular. “O escore PREVENT e a avaliação clínica permitem diferenciar esses perfis e oferecer o tratamento mais adequado para cada caso”, explica o endocrinologista Marcello Bertoluci, coordenador do Departamento de Cardiometabolismo da Abeso e um dos autores do documento.
O documento também traz orientações sobre a triagem de insuficiência cardíaca e alerta para a interpretação diferenciada de exames laboratoriais como NT-proBNP ou BNP. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.