Terça-feira, 28 de outubro de 2025
Por Redação O Sul | 12 de junho de 2020
Com análise a partir da saliva e estimativa de processamento de 110 mil amostras por dia, um novo teste para diagnóstico do coronavírus deve estar disponível para empresas e hospitais em até dez dias.
O exame molecular, desenvolvido pelo laboratório Mendelics em parceria com o Hospital Sírio-Libanês, não apresentou resultados falso-positivos após testes e tem como foco aumentar o número de diagnósticos da doença no País, principalmente diante do cenário de reabertura do comércio.
O teste identifica o material genético da Covid-19 e deve ser realizado para a detecção da doença em sua fase aguda. Segundo o CEO da Mendelics, David Schneleiger, além de ser feito em larga escala, o teste é mais barato do que o RT-PCR, considerado padrão ouro, mas tem a mesma sensibilidade (80%). Seu preço médio é R$ 95. Os testes à disposição no mercado custam hoje de R$ 240 a R$ 470.
“A gente não vai vender o teste para pessoa física, mas para empresas a fim de voltar à normalidade, para que as pessoas voltem a circular mais.”
O objetivo é compartilhar a técnica para que ela possa ser replicada. “Saber quem tem o vírus é fundamental para tomar decisões fundamentadas para programar retorno e saber onde a Covid-19 está”, diz Luiz Fernando Lima Reis, diretor do Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa.
Baixa testagem
O Brasil faz tão poucos testes RT- PCR, considerados os ideais para diagnosticar a Covid-19, que o número de casos confirmados muitas vezes é secundário para cientistas que analisam a evolução da pandemia no País.
Segundo alguns especialistas, é mais seguro considerar outros índices, como o de óbitos e o de ocupação de leitos de UTI, para compreender se é momento de retomar os serviços essenciais ou de decretar lockdown, por exemplo.
“O Brasil está testando brutalmente menos do que deveria. Na melhor das hipóteses, 20 vezes menos do que é considerado adequado”, afirma Daniel Lahr, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP). “É tão pouco que a amostra pode ser basicamente ignorada.”
Um dos indicativos da baixa testagem é a taxa de resultados positivos para Sars-CoV-2 nos exames que detectam vírus respiratórios. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o ideal é que, de todos os testes feitos, 5% ou menos deem positivo. No Brasil, a média diária está muito acima disso: é de 36,68%, segundo a plataforma Our World In Data, usada nas estatísticas da Universidade Johns Hopkins.
“Os dados (de positivos) são mais altos porque estamos testando apenas os casos mais graves, principalmente nos hospitais”, afirma Paulo Nadanovsky, epidemiologista da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
Considerando os números até 7 de junho, países como Espanha (3,59%), Itália (3,61%) e Alemanha (4,58%) apresentam médias diárias de resultados positivos para Covid-19 dentro do padrão esperado pela OMS – um sinal de que estão testando a população de forma suficiente para detectar os doentes de forma rápida e isolá-los.